O conteúdo deste blog migrou, por ora, para o site da revista CartaCapital. Para acessá-lo, entre aqui: http://www.cartacapital.com.br/blogdoleandrofortes/
Forte abraço.
14/07/2012
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06/07/2013 at 11:42
Esse artigo é a tradução direta do original publicado na revista americana The New Yorker, edição de 8 e 15 de Julho de 2013 e escrita por James Surowiecki.
A PAGINA FINANCEIRA
MILITANTES CLASSE-MÉDIA
Quando protestos em massa bloqueiam as ruas de Madrid ou Atenas hoje em dia não e muita surpresa. As pessoas la estão em purgatorio economico por anos. Mas as demonstracoes enormes que abatiram o Brasil representam algo inesperado: revolta no meio de relativa prosperidade. O Brasil tem sido um dos sucessos economicos da ultima decada. A economia cresceu rapidamente e os beneficios foram divididos amplamente – argumentamente pela primeira vez na historia do pais. Desde 2003, ao redor de quarenta milhões de brasileiros entraram na classe-media, e a porcentagem de pessoas em extrema pobreza encolheu marcadamente. Embora a economia tenha ficado mais devagar ultimamente, a maioria das pessoas estao melhor do que estavam ha dez anos atras. Ainda assim os protestos sao amplamente difundidos, popular, e mais impressionante de tudo, dominado pela classe-media – as mesmas pessoas que tem se benificiado desse estrondo.
Então com o que as pessoas estao infelizes? O miolo do problema é que as condicoes de vida nao tem alcançado as melhorias da renda das pessoas. O Brasil é um pais com uma classe-media crescente e que ainda tem muitas caracteristicas de um pais pobre. Infraestrutura publica é notoriosamente ruim. O sistema de saude publica é superlotado, e educação publica, embora melhorando, esta longe de ser bom: um estudo recente sobre qualidade de educacao em quarenta importantes paises posicionou o Brasil em ante-penultimo. A policia brasileira é ineficaz e as vezes corrupta, cidadões nao se sentem seguro. E cidades como São Paulo são tão congestionadas que duas ou tres horas no transito se tornaram rotina. O impeto original para as demonstrações foi um aumento de vinte dois centavos nas tarifas de onibus; isso é apenas nove centavos americanos, mas ninguem quer pagar mais por um sistema evidentemente inadequado.
Os ricos sao capazes de insular-se dessas disfunções – O Brasil ha muito tempo tem um dos maiores indices de desiqualdades economicas. Ricos tem sistemas de saude e educacao particulares, contratam segurancas, e dai em diante. Mas essas opções estão fora do alcance para a maioria da classe-media. Para deixar os problemas ainda piores, a economia do Brasil não é projetada para entregar bens e servicos a preços baixos, o que faz ser classe media la significantemente mais caro do que e em muitos outros paises. Mesmo para os padrões de paises desenvolvidos o Brasil é um lugar caro: um estudo recente posicionou São Paulo e Rio de Janeiro entre as quatorze cidades mais caras do mundo – bem acima de Nova York, que ficou em trigézima terceira. Um Big Mac custa mais em São Paulo, ajustado pela renda, que em praticamente qualquer outro pais no mundo. E altos impostos e menos competição significa que carros, televisores, tennis, e iPads geralmente custam duas ou tres vezes mais do que eles custam nos Estados Unidos. O resultado é que muitos brasileiros compram a prazo, e os altos juros fazem com que Brasileiros agora devotam um quinto da sua renda pagando dividas (quase o dobro dos Americanos).
Ha um paradoxo basico do crescimento da economia: conforme as pessoas se dão melhor, eles são muitas vezes menos contentes porque eles esperam mais em retorno. O servico de defesa ao consumidor do Brasil denunciou que reclamações de consumidores subiram nos ultimos anos, um sinal de que as pessoas não vão mais tolerar serem feitas de fantoche. Crescimento em prosperidade fazem pessoas pagarem impostos – o numero de brasileiros que pagam impostos aumentou quase nove milhoes na ultima decada – que tem intensificado a pressão sobre o governo. Brasileiros pagam mais de um-terço de sua renda em impostos. “O grupo emergente esta agora começando a pagar mais impostos, eles esperam mais em retorno por isso, e tambem estão se dando conta de que os servicos publicos que eles recebem são de fato horriveis,” Felipe Campante, professor de politica publica na escola Kennedy da Harvard University e nativo do Rio, me disse. “Como resultado, esses grupos estão muito frustrados com a atuação do estado brasileiro.” O sentimento de injustica é composto por uma percepção publica (e com razão) de que corrupção é rotina na politica brasileira. Não é a toa que o gasto governamental exagerado para novos estadios para a Copa do Mundo e as Olimpiadas (ambas quais o Brasil vai sediar nos proximos tres anos) tem se tornado o catalisador para os protestantes. Uma vez que as pessoas tem mais em jogo nesse sistema, eles tem mais a perder, o que explica porque o recente declinio no pais tem gerado tanta ansiedade.
Agitacao da classe-media não e unicamente uma caracteristica do Brasil. Em paises em desenvolvimento, uma classe-media crescente geralmente é um agente crucial de mudancas politicas e economicas. Nancy Birdsall, do Centro de Desenvolvimento Global (Center for Global Development) tem chamado isso uma “classe catalisadora.” Nos ultimos anos protestantes da classe-media tem levado as ruas questões de educação, corrupção, e espaço publico no Chile, India e Turquia, entre outros paises. Essas são revoltas de expectativas emergentes, e elas são prenuncios de que mais sublevações estão a caminho. As posições de classes-medias ao redor do mundo estão inchando, especialmente na Asia, e a OCE estima que até 2030 deverá haver quase cinco bilhões de pessoas na “classe media global” – mais do que o dobro do quadro atual. Governos vão estar sob pressão intensa para vir ao encontro das demandas de seus cidadões. Altas espectativas não garantem mudanças, mas historia sugere que as revoltas que eles lideram são maquinas poderosas de reforma. Nos Estados Unidos na virada do século vinte, uma classe media ansiosa – frustrada com governo, corrupcao, e ineficacia – liderou o movimento Progressivo. O impeto nos deu regulações de financiamento de campanhas, leis antitruste, legislação sobre comida e medicamento, eleições diretas para senadores, e eventualmente direito de voto a mulheres. No Brasil, presidente Dilma Rousseff já tem oferecido varias propostas de reformas em resposta aos demonstradores. A imagem estereotípica da classe media é que ela éN sem interesse e complacente. Mas quando ela se levanta, tumulto a segue.
Surowiecki, J. (July 8 and 15, 2013). Middle Class Militants (The New Yorker). New York, NY.
06/01/2014 at 12:20
Estarei sempre acompanhado onde for.
11/03/2014 at 11:18
Estarei junto sem duvida
15/09/2014 at 18:02
Com a devida licença, quero usar este espaço para divulgar o que se segue. Artistas e intelectuais assinam manifesto de apoio à reeleição de Dilma. Veja a lista completa aqui: http://manifesto.dilma.com.br/. Podemos acrescentar à lista o nome do ex-Ministro do Governo FHC Bresser Pereira que justificou seu voto em Dilma à Revista Carta Maior.