
O povo, unido, etc, etc, etc
O jornalismo está abandonando, aos poucos, por motivos inconfessáveis, a valorização das personagens como elemento de narrativa. Emblemático é o caso de Honduras, um catalisador profundo das intenções de setores da imprensa cada vez mais perfilados em bloco sobre um ensaiado viés chavista (a nova panacéia editorial do continente) aplicado ao noticiário toda vez que um movimento de esquerda se insinua sobre velhos latifúndios – físicos e imateriais. Para tal, recorre-se cada vez mais a malabarismos de linguagem para se referir ao golpe militar que derrubou o presidente constitucionalmente eleito Manuel Zelaya.
Por conta disso, o governo golpista passou a ser chamado, aqui e acolá, de “governo de fato”, uma solução patética encontrada por alguns veículos para se referir a uma administração firmada na fraude eleitoral e na usurpação pura e simples de poder. Há, ainda, quem se refira à quadrilha de Roberto Micheleti como “governo interino”, o que só pode ser piada. Itamar Franco foi interino, esse é o beabá, até tornar-se “de fato” com o impedimento e a renúncia de Fernando Collor de Mello, mas isso não deu a ninguém o direito de, a partir de então, nomeá-lo “presidente de fato” ou chefe de um “governo de fato”. Se é governo, é de fato. Se assim não for, ou é interino, ou é golpista.
Não deixa de ser divertido o inglório exercício a que se dedica certa direita nacional envergonhada, pronta a converter em golpe de Estado a intenção do presidente (de fato, pero no mucho) Zelaya de convocar os hondurenhos a decidir, por plebiscito, a possibilidade de uma reeleição que sequer serviria a ele. Possível até que servisse à oposição – a mesma que lhe seqüestrou de pijama, o enfiou num avião e o desovou na Costa Rica. Talvez preferissem que ele tivesse comprado votos para se reeleger. Esse tipo de crime é, historicamente, melhor digerido pela mídia brasileira.
Essa gente não pode e não deve ser chamada de “governo de fato”, muito menos “interino”. Essa gente tem nome: golpistas. Bandoleiros políticos que estão, corajosamente, sendo confrontados pela diplomacia brasileira que, além de lhe condenar em todos os foros internacionais, deu abrigo a Zelaya na embaixada. Lá, o presidente (de verdade) se encontra protegido e alimentado, a causar saudável constrangimento aos golpistas que o defenestraram de Tegucigalpa, essa cidade de sonoro nome maia que, de uma hora para outra, tornou-se mundialmente popular no rastro de um vexame.
Mas comecei falando da importância de haver personagens no texto jornalístico e acabei me perdendo em necessários devaneios, porque no contexto da crise hondurenha se inclui uma cobertura, basicamente, desumana. Não no sentido da esperada brutalidade ideológica disseminada por jornais e jornalistas conservadores e, vá lá, liberais. Mas por não atentar diretamente para o fator humano estacionado nas ruas, manifestantes com as mãos perto do fogo aceso pelo golpe, sujeitos a tiros e bordoadas apenas para dizer “não”. Eu gostaria muito de saber quem são essas pessoas, mas tudo que se fala delas vem em números. Num dia, são 100 em frente à embaixada, no outro, são duas mil. Variam de dezenas a milhares da noite para o dia, sem que qualquer explicação sobre elas nos seja minimamente concedida.
Não é preciso muita sensibilidade para perceber que a chave (não Chávez!) para a compreensão do golpe em Honduras está nos hábitos e na cultura desses desconhecidos tegucigalpenses (ou seriam tegucigalpanos?). Falta quem lhes pergunte sobre os verdadeiros sentimentos desencadeados com o golpe, justo quando o mundo todo acreditava que o expediente das quarteladas jazia, para nunca mais, no túmulo dos tristes folclores latino americanos. São as personagens, sobretudo nas tragédias, que conjugam fatos e sentimentos de modo a permitir a nós, os indivíduos, compartilhar sonhos e loucuras. Daí a importância de prestar atenção nelas.
Até agora, a única personagem “de fato” é o próprio Manuel Zelaya, aliás, de figurino impagável, chapéu de cowboy sobre os cabelos escandalosamente tingidos, tal qual o bigode pouco alentador, na indisfarçável tonalidade das asas da graúna.
26/09/2009 at 18:56
Belo texto, mas fica uma pergunta: nenhum comentário sobre o fato desse plebiscito sobre a reeleição ter sido declarado inconstitucional pela Suprema Corte de Honduras?
Nada justifica Zelaya ter sido exportado de pijamas para a Costa Rica, mas tecer um comentário sobre o episódio ignorando a questão acima, e resumir o imbróglio a uma disputa povo versus latifúndio me parece um equívoco.
abraço
26/09/2009 at 19:00
Leonardo, acredite, há supremas cortes golpistas na doce América Latina.
Forte abraço.
30/09/2009 at 12:35
Ops, voltei.
Alguém com muito mais gabarito que eu elucidou a questão que eu propus acima.
Fica a sugestão de leitura:
http://observatoriodaimprensa.com.br/artigos.asp?cod=557IMQ011
abraço
26/09/2009 at 19:14
Nenhuma Suprema Corte pode declarar inconstitucional uma assembleia constituinte. Houvesse sido mantida a ordem constitucional, tal decisão seria reformada pela Corte de Direitos Humanos de São José da Costa Rica. Por isso a necessidade do golpe.
28/09/2009 at 10:31
como assim nenhuma corte pode declarar inconstitucional uma assembléia constituinte?
27/09/2009 at 08:09
Uma Assembléia Constituinte é eleita pela população para reformar a Constituição ou criar uma nova. Não pode ser declarada inconstitucional pois ela seria eleita, caso o “sim” fosse vitorioso no plebiscito, justamente por vontade e decisão do povo de Honduras.
Quanto à Suprema Corte de Honduras, bem, veja-se aqui no Brasil o Supremo Presidente Supremo do Supremo, “dotô” “coroné” Gilmar Dantas. É óbvio que Ele é bem o tipo que daria um golpe semelhante ao que ocorreu em Honduras.
06/10/2009 at 17:42
Assembleia Constituinte é o poder originario e não existe clausulas petreas para ela, podendo ser mudada in totum a velha constituição. É uma nova ORDEM.
06/10/2009 at 17:48
O poder constituinte originário (também denominado genuíno, primário ou de primeiro grau) é o poder de elaborar uma Constituição. Não encontra limites no direito positivo anterior, não deve obediência a nenhuma regra jurídica preexistente,
O poder constituinte originário é inicial, permanente, absoluto, soberano, ilimitado, incondicionado e inalienável.
26/09/2009 at 19:20
você viu alguma linha na mídia sobre esse garoto?
26/09/2009 at 23:41
Excelente texto e excelente o video postado pelo thiago.
Fora Golpistas lá e aqui .
27/09/2009 at 05:44
Texto maravilhoso a provar que ainda há Jornalistas. Parabéns e um abraço.
27/09/2009 at 07:18
Espero que o povo hondurenho e Zelaya possam alcançar os seus objetivos!
O que não consigo alcançar é por qual razão o nosso país tem que importar esta crise.
É constrangedor assistir imagens de um mandatário fazendo discurso sobre o muro de uma embaixada de nosso país. Não ficaria bem nem se fosse o nosso presidente. Já se tornou um fato da história diplomática brasileira para, tristemente, ser estudado. SAUDAÇÕES
P.S. Há evidências que NÃO é o governo brasileiro que fornece a alimentação na embaixada.
28/09/2009 at 10:39
até a mídia a favor de zelaya sabe que ele não tem apoio do povo hondurenho. o putsch, de verdade, este que *realmente* fere a auto-determinação dos povos — vide a assimetria no discurso do governo brasileiro quando isso só serve, aparentemente, para defender o governo cubano — é agora.
é engraçado como funciona o princípio da não-intervenção com o povo aqui.
27/09/2009 at 21:46
Oi, Leandro. Meus parabéns pela habilidade de captar o momento do nosso jornalismo. Que é esse aí, infelizmente. Vc certamente já viu a capa da Veja essa semana. E as matérias da Globo tentando justificar o golpe e condenar a posição do Brasil, com a qual o mundo inteiro concordou. Acho que já está mais do que na hora de a Carta Capital fazer uma capa: “A direita reage”, sobre isso tudo que vem acontecendo, ou o caldo pode entornar…
28/09/2009 at 09:06
Leandro
O papel dessa imprensazinha é simplesmente absurdo. Como é possivel tanta falta de compostura?
Que bom ter GENTE, JORNALISTAS como voce. É um alento.
28/09/2009 at 11:07
Mudando de assunto… e o expedito junior foi parar no psdb. O sujeito foi cassado umas 29 vezes e ainda permanece no mandato.Viva o brasil!
28/09/2009 at 23:22
Caro Leandro,
tenho visto muito a Telesur pela internet. Eu não acho que eles fazem uma cobertura desumana.
Escrevi um manifesto a respeito.
Manifesto!
Em Honduras, só a Telesur fez chegar a verdade dos fatos, para o restante do mundo. Porque a TV de lá é igual a de cá: de direita. E a “elite” não é melhor.
A Telesur não joga sujo.
Não tenta enganar ninguém.
A Telesur ouve todas as partes envolvidas. Informam, e bem, sobre os fatos internacionais, sem omití-los, por interesses inconfessáveis.
A Telesur é patrimônio público, constituído para o público sulamericano. É boicotada pelo Brasil, inclusive pela maioria dos jornalistas brasileiros, com excessão da rede pública do Paraná.
Nós não temos nenhuma alternativa à mídia dos goriletis servis aos micheletis.
Mídia de massa.
É direito de cidadania de todos os brasileiros o acesso a este patrimônio, que é seu, a rede de TV Telesur.
Ainda mais no tempo das altas tecnologias digitais.
Telesur em rede aberta, para todos os brasileiros! Já!
Os países africanos de língua portuguesa já firmaram convênios com a Telesur, para transmiti-la em português.
Telesur no Brasil! Já!
Prá começar, pode ser em espanhol mesmo, porque nós entendemos tudo.
29/09/2009 at 00:44
É Leandro, assim pensam e discursam os Heródotos Barbeiros do jornalismo brasileiro.
Belo texto!
29/09/2009 at 12:03
Interessante… o presidente Hondurenho Manoel Zelaya foi constitucionalmente eleito. Mas também foi destituído de acordo com a constituição Hondurenha.
O governo é golpista não por ter assumido o poder, porque o fez segundo determinação da corte suprema Hondurenha. É golpista porque exilou o cidadão Manoel Zelaya que havia perdido o seu cargo de presidente.
Enfim, Michelleti não é governante de facto, interino ou de qualquer outro tipo. Ele é o presidente de verdade de Honduras de acordo com o definido em sua constituição. Um presidente que cometeu um crime de ter exilado um cidadão hondurenho, mas mesmo assim o presidente constitucional de Honduras.
30/09/2009 at 00:01
É para ficar enojado mesmo, Leandro.
Não há mais vida inteligente na grande imprensa. Estão todos contaminados. Tratei disso aqui: http://olicruz.wordpress.com/2009/09/29/a-crise-em-honduras-e-os-golpistas-tupiniquins/.
É o que chamo da dobradura da realidade. Que se danem os fatos!
30/09/2009 at 00:09
O Governo de fato golpista de Micheletti mostra a sua verdadeira face, a mesma face da mentirosa e de fato golpista Folha de São Paulo.
02/10/2009 at 21:20
pqp, bicho. a folha só fala em golpe.
30/09/2009 at 01:35
Leandro,
Justamente foi esse o apelo quando fiz um post sobre o golpe, há uns três meses atrás. Inclusive a fonte da foto, do jornal El País, é a mesma:
http://atemporalizando.blogspot.com/2009/07/governo-de-honduras-remonta-as.html
Acho que a mediação do Brasil nesse conflito é de extrema importância. Deve-se evitar que qualquer tipo de ditadura se estabeleça na AL. Brasil já teve uma cruel experiência.
Isso é achismo. Adoraria sustentar mais esse argumento. Ajudaria muito se houvesse reportagens que mostrassem o lado da população hodurenha, algo consistente, jornalístico, de peso.
Grande reportagem, jornalismo verdadeiramente analítico. Não ‘jornalismo de facto’.
30/09/2009 at 17:42
Texto brilhante. Também acho descabida essa mania de eufemismos políticos que, de uma hora para outra, infestaram o jornalismo brasileiro.
Aliás, escrevi no meu blog sobre a revista Veja, que fez uma coleção de absurdos em sua matéria de capa.
http://orapilulas.wordpress.com/2009/09/29/a-realidade-paralela-de-veja/
Abraços!
30/09/2009 at 23:08
Você ainda não viu nada. Deixe o Jungman chegar – via financiamento da Globo – por lá para armar barraco devidamente instruído pelo Ali Kamel.
A CAG – Central de Articulação Golpista (a turma de 64 versão dois ponto zero), não perdoa. Veja como estão todos juntos de novo: Opus Dei, FIESP, ASCP, movimentos religiosos extremistas, CIA e mídia golpista, os quatro cavaleiros do apocalipse.
(“À besta foi dada uma boca para falar palavras arrogantes e blasfemas, e lhe foi dada autoridade para agir durante(…)”) Apo. 13-5
02/10/2009 at 11:15
O Leandro insiste em ser menos jornalista/professor e mais militante. O texto de Dalmo Dallari sugerido aqui no blog é a PROVA disso. Que o Fortes continue achando que os caras são golpistas é uma coisa, mas não abordar minimamente a questão jurídica é omissão imperdoável para quem é professor de jornalismo.
02/10/2009 at 13:08
Faces do golpismo
Há duas atitudes aparentemente distintas perante o golpe de Estado hondurenho.
Uma destila o tradicional veneno antidemocrático, de retórica agressiva e valores distorcidos. Encontramo-la no udenismo renovado que aflorou no vácuo moral das classes médias urbanas. Para a vertente, Zelaya caiu porque mereceu, porque o “chavismo” deve ser combatido a porrete.
A outra face, enganadoramente inofensiva, escuda-se na apatia manhosa do pior provincianismo. Prefere a omissão do colonizado jeca, escancarando a banguela, tirando o chapéu para o painho estadunidense. Tem vergonha de ser brasileiro e defende que o país ocupe seu lugar na latrina do mundo subalterno. Convenientemente ignóbil, não “consegue” perceber que as próximas eleições hondurenhas vão justamente sacramentar o golpe, tornando-o irreversível e impune.
Ambas as posturas são complementares e indissociáveis. Mescladas nas diversas gradações combinatórias possíveis, constituem o estofo ideológico de todo movimento golpista: sempre há uma vanguarda atuante, apoiada na massa de manobra servil, que lhe garante a ilusão da legitimidade.
É importante entender esse mecanismo em funcionamento durante episódios externos e distantes, para reconhecê-lo quando operar em nosso próprio ambiente.
02/10/2009 at 21:31
Parabéns Leandro, sem comentários !! Nem precisa ! Já disse tudo.
02/10/2009 at 21:50
Sensacional seu texto Leandro Fortes. Parabens!!!!
02/10/2009 at 23:26
Prezado Jornalista Leandro,
Você é um Fortes!
Parabéns pelo seu trabalho, cara.
Você também é o cara! Se me permite..rss
abs
03/10/2009 at 14:19
[…] that recent left-wing demonstrations have been covered in a superficial and watered-down way, ignoring their regional nuances [pt]: O jornalismo está abandonando, aos poucos, por motivos inconfessáveis, a valorização das […]
03/10/2009 at 15:02
[…] that recent left-wing demonstrations have been covered in a superficial and watered-down way, ignoring their regional nuances [pt]: O jornalismo está abandonando, aos poucos, por motivos inconfessáveis, a valorização das […]
03/10/2009 at 19:17
Obrigado!
03/10/2009 at 20:50
[…] acredita que os recentes movimentos de esquerda são tratados de modo superficial e pasteurizada, ignorando suas nuances regionais: O jornalismo está abandonando, aos poucos, por motivos inconfessáveis, a valorização das […]
04/10/2009 at 13:37
O jornal Folha de S. Paulo o governo federal e o COB já começaram a medir forças para comandar a iniciativa,..”Apesar de Nuzman ter falado abertamente que quer comandar o projeto, o Ministério já adiantou que tem o seu plano. O projeto prevê uma participação estatal forte no controle, financiamento e na formulação.”, entendo que o Nuzman, em primeiro lugar, deve acertar as contas com TCU e outros Tribunais, sobre as mazelas do Pan-2007.
É uma excrescência a falta de civilidade, discurso terceiro-mundista, a petulância e a arrogância deste senhor, Nuzman, gestor incompetente, fracassado e omisso à corrupção e à fraude no Pan-2007, e que esta com pendências nos tribunais citados acima.
A Casa Civil, Dilma com “mão de ferro”, deve assumir, com urgência, o controle e a gestão, juntamente com TCU, MP e demais Ministérios envolvidos ou seja um Conselho de Ministros, para que se possa rastrear corretamente a aplicabilidade e a gestão dos recursos para este investimento necessário e histórico para o Rio, Brasil e América Latina.
Aliás, Dilma Rousseff é a dama de ferro brasileira, muito assemelhada com Margaret Thatcher, que disse: “Se meus críticos me vissem andando sobre as águas do rio Tâmisa, diriam que é porque eu não sei nadar.”
A tirada espirituosa de Margaret Thatcher, pode ser adaptada para o momento de Dilma Rousseff, que teria a seguinte configuração … “Se meus críticos me vissem andando sobre as águas do Lago Paranoá, diriam que é porque eu não sei nadar.”
05/10/2009 at 13:33
Sobre o problema de Honduras…… assistam como Celso Amorim desconstruiu Alexandre Garcia…. no início da entrevista parecia um PitBul, no final um vira lata com o rabinho entre as prnas. O ministro esclarece diversos pontos jurídicos que a nossa imprensa insiste em afirmar que o que ocorreu em Honduras não foi Golpe….http://www.youtube.com/watch?v=Jslnh3hLk6M. Como um profissional se sujeita a um ridículo desses?
Profissional????
07/10/2009 at 09:43
Leandro,
Perfeita a sua resposta ao Leonardo, haja vista a comprovação de sua afirmativa ocorrer aqui mesmo no Brasil, onde a Suprema Corte do “Supremo TODO PODERORO” Gilmar Dantas, ops, Mendes, tem dado um golpe atrás do outro, usando HC’s pra bandido de colarinho branco como arma dos seus verdadeiros golpes de Estado.
O problema é que o cidadão classe média brasileiro, genericamente, é apolitizado e preconceituoso (odeia pobre) e, por isso, é conivente com o PIG (pra que raciocinar?) – morre de inveja dos ricaços da elite e sonha chegar onde ela chegou.
Adorei sua crônica e compartilho sua opinião sobre o absurdo da terminologia definidora do Governo Golpista pela Imprensa Golpista Nacional. Mas tá explicada a sua defesa apaixonada desses crápulas hondurenhos, pois afinal, são da mesma estirpe – são todos GOLPISTAS.
Abraço,
Leila
07/10/2009 at 13:47
Caro Leandro,
Permita-me enviar cópia da mensagem destinada ao deputado Maurício Rands, com cópia para os demais membros da comissão parlamentar que visitou Hunduras:
de Murilo Costa
para dep.mauriciorands@camara.gov.br
cc dep.brunoaraujo@camara.gov.br,
dep.claudiocajado@camara.gov.br,
dep.ivanvalente@camara.gov.br,
dep.janeterochapieta@camara.gov.br,
dep.rauljungman@camara.gov.br
data 6 de outubro de 2009 23:26
assunto Visita ao golpista Micheletti
Caro Deputado Maurício Rands,
Inicialmente, cabe-me informar que, apesar da minha admiração pelo PT, não tenho como ser seu eleitor, pois sou de outro Estado da Federação.
O motivo da minha mensagem é para registrar a minha surpresa e indignação de ver um representante do PT, cuja história é marcada pela luta pela democracia, tendo entre seus membros diversos dos perseguidos durante a nossa ditatura militar, se dispor a visitar um presidente golpista, como é o caso de Roberto Micheletti, em Honduras.
A presença de representantes da oposição demo-tucana e da rêmora PPS não nos surpreende, afinal, atordoados com o sucesso do Governo Lula, são capazes de qualquer coisa para tentar melar o jogo democrático, como atrasar a votação do Orçamento 2006 por causa de uma ponte em Aracaju; acabar com a CPMF; votar em Severino Cavalcanti, seu conterâneo, para a presidência da Câmara (cantando o Hino Nacional ao final daquela eleição); assessorar-se de petrolíferas estrangeiras para atacar a Petrobrás no Congresso Nacional; e, até, torcer para que a crise chegasse aqui com força.
Deveria o nobre deputado ter adotado a mesma posição firme e coerente dos deputados Janete Pietá e Ivan Valente e se recusado a desempenhar tal papel ridículo.
Não cabe, em circustância alguma, usar os termos adotados pela grande mídia brasileira (que o jornalista Paulo Henrique Amorim chama de Partido da Imprensa Golpista), como presidente interino ou presidente de facto, pois o senhor Micheletti não é nada mais que um ditador golpista, que confirmou como político o motivo da remoção e expulsão do presidente legítimo Manuel Zelaya (disse ele ao argentino Clarín: “Deu uma guinada para a esquerda, colocou comunistas no governo e nos preocupou”).
Espero, sinceramente, que V. Exa. reflita sobre o triste episódio, pois aceitar trocar gracinhas e tirar fotos (como disse a jornalista Heloísa Villel, em entrevista a Luiz Carlos Azenha) com o representante golpista de um pretenso governo que nenhuma nação ou organismo internacional reconheceu é um mancha que ficará na sua biografia, como uma espécie de sabotagem aos ideais democráticos que tanto prezamos.
Atenciosamente.
Murilo Costa
Salvador/BA
13/10/2009 at 02:48
[…] le recenti manifestazioni di sinistra sarebbero state rioprtate in modo superficiale e impreciso, ignorando le istanze locali [por]: O jornalismo está abandonando, aos poucos, por motivos inconfessáveis, a valorização […]