
Corta a cota!
Enquanto interessava às elites brasileiras que a negrada se esfolasse nos canaviais e, tempos depois, fosse relegada ao elevador de serviço, o conceito de raça era, por assim dizer, claríssimo no Brasil. Tudo que era ruim, cafona, sujo ou desbocado era “coisa de preto”. Nos anos 1970 e 1980, na Bahia, quando eu era menino grande, as mulheres negras só entravam nos clubes sociais de Salvador caso se sujeitassem a usar uniforme de babá. Duvido que isso tenha mudado muito por lá. Na cidade mais negra do país, na faculdade onde me formei, pública e federal, era possível contar a quantidade de estudantes e professores negros na palma de uma única mão.
Pois bem, bastou o governo Lula arriscar-se numa política de ações afirmativas para a high society tupiniquim berrar para o mundo que no Brasil não há racismo, a escrever que não somos racistas. Pior: a dizer que no Brasil, na verdade, não há negros.
Antes de continuar, é preciso dizer que muita gente boa, e de boa fé, acha que cota de negros nas universidades é um equívoco político e uma disfunção de política pública de inserção social. O melhor seria, dizem, que as cotas fossem para pobres de todas as raças. Bom, primeiro vamos combinar o seguinte: isso é uma falácia que os de boa fé replicam baseados num raciocínio perigosamente simplista. Na outra ponta, é um discurso adotado por quem tem vergonha de ter o próprio racismo exposto e colocado em discussão. Ninguém vê isso escrito em lugar nenhum, mas duvido que não tenha ouvido falar – no trabalho, na rua, em casa ou em mesas de bares – da tese do perigo do rebaixamento do nível acadêmico por conta da presença dos negros nos redutos antes destinados quase que exclusivamente aos brancos da classe média para cima – paradoxalmente, os bancos das universidades públicas.
Há duas razões essenciais que me fazem apoiar, sem restrições, as cotas exclusivamente para negros. A primeira delas, e mais simples de ser defendida, é a de que há um resgate histórico, sim, a ser feito em relação aos quatro milhões de negros escravizados no Brasil, entre os séculos XVI e XIX , e seus descendentes. A escravidão gerou um trauma social jamais sequer tocado pelo poder público, até que veio essa decisão, do governo do PT, de lançar mão de ações afirmativas relacionadas à questão racial brasileira – que existe e é seríssima. Essa preocupação tardia das elites e dos “formadores de opinião” (que não formam nada, muito menos opinião) com os pobres, justamente quando são os negros a entrar nas faculdades (e lá estão a tirar boas notas) é mais um traço da boçalidade com a qual os crimes sociais são minimizados pela hipocrisia nativa. Até porque há um outro programa de inserção universitária, o Prouni, que cumpre rigorosamente essa função. O que incomoda a essa gente não é a questão da pobreza, mas da negritude. Há contra os negros brasileiros um preconceito social, econômico, político e estético nunca superado. O sistema de cotas foi a primeira ação do Estado a enfrentar, de fato, essa situação. Por isso incomoda tanto.
A segunda razão que me leva a apoiar o sistema de cotas raciais é vinculado diretamente à nossa realidade política, cínica, nepotista e fisiológica. Caso consigam transformar a cota racial em cota “para pobres”, as transações eleitoreiras realizadas em torno dos bens públicos irão ganhar um novo componente. Porque, como se sabe, para fazer parte do sistema, é preciso se reconhecer como negro. É preciso dizer, na cara da autoridade: eu sou negro. Alguém consegue imaginar esses filhinhos de papai da caricata aristocracia nacional, mesmo os mulatinhos disfarçados, assumindo o papel de negro, formalmente? Nunca. Preferem a morte. Mas se a cota for para “pobres”, vai ter muito vagabundo botando roupa velha para se matricular. Basta fraudar o sistema burocrático e encher as faculdades públicas de falsos pobrezinhos. Ou de pobrezinhos de verdade, mas selecionados nas fileiras de cabos eleitorais. Ou pobrezinhos apadrinhados por reitores. Pobrezinhos brancos, de preferência.
Só um idiota não percebe a diferença entre ser pobre branco e pobre negro no Brasil. Ou como os negros são pressionados e adotam um discurso branco, assim que assumem melhores posições na escala social. Lembro do jogador Ronaldo, dito “Fenômeno”, ao comentar sobre as reações racistas das torcidas nos estádios europeus. Questionado sobre o tema, saiu-se com essa: “Eu, que sou branco, sofro com tamanha ignorância”. Fosse um perna-de-pau e tivesse que estudar, tenho dúvidas se essa seria a impressão que Ronaldo teria da própria cor, embora seja fácil compreender os fundamentos de tal raciocínio em um país onde o negro não se vê como elemento positivo, seja na televisão, seja na publicidade – muito menos nas universidades.
O fato é que somos um país cheio de racistas. Até eu, que sou branco, sou capaz de perceber.
Em tempo: o leitor Antonio Carlos Bicarato me passou o link de um quadro da antiga (e sensacional) TV Pirata que ilustra com perfeição esse conflito racial mal escondido do Brasil. Como bem refletiu Bicarato, alguém consegue imaginar uma coisa assim, hoje, nessa péssima e politicamente correta tevê aberta brasileira?
13/08/2009 at 19:54
Sou a favor das cotas para negros e também das cotas para pobres.
O critério para se definir quem é pobre é simples: basta verificar quem estudou em escola pública.
13/08/2009 at 20:00
Dr. Túlio, é uma honra vê-lo por aqui.
De fato, não acho que uma ação tenha que, neutralizar a outra. Mas acho que a cota para negros, mesmo existindo uma para pobres (e o critério da escola pública é perfeito), é absolutamente necessária.
Forte abraço.
13/08/2009 at 21:26
Não sou de forma alguma a favor de cota para negros, agora para pobres já é outra coisa. Não nego o racismo, pelo contrário, é que a melhor forma de se combater o racismo é removendo todas as diferenças entre as raças. Só assim, claro diferença continuara havendo, mas também somos altos, baixos, gordos, magros, atléticos(eu), fracos, etc
Se bem que negro é raça rara no Brasil, hoje em dia quase todo mundo é mestiço visivelmente, porque mestiços todos somos, desde o macaco.
14/08/2009 at 20:28
Ao menos leu o poust?
21/11/2010 at 20:17
ridiculo isso seu, Túlio Vianna
21/11/2010 at 20:24
uma pessoa ñ pode humilhar ninguem por ser preto ou braco. pobre ou rico
no final tudos vamos morrer da mesma forma eu tenho pena de vc mesmo quem é vc pra jugar alguem
13/08/2009 at 19:57
Matou a pau, Leandro! Era a favor da cota para negros pela 1ª razão que você listou e pela existência do Prouni, mas seu 2º argumento é impressionante por mostrar de forma mais do que clara como as coisas costumam acontecer no Brasil.
13/08/2009 at 19:57
Leandro,
A versão bem humorada desse seu artigo é esta esquete da TV Pirata:
Aliás… Vc conseguiria imaginar isso na TV politicamente correta de hj?
13/08/2009 at 20:02
@Túlio Viana, que critério escroto o seu. Tem muita escola pública, a maioria na esfera federal, que somente os filhinhos de papai, estudam. Pois tiveram dinheiro para entrar num cursinho preparatório para a seleção. Um exemplo é o Colégio Pedro II, no Rio, outro seria o CEFET, aqui em Maceió.
13/08/2009 at 20:14
seu argumento é bom mas o palavrão pegou bem mal. muitas vezes um bom argumento se perde por causa disso. e ,no mais, escroto não é sinônimo de equivocado.
13/08/2009 at 20:18
escroto? palavrão?! Nossa, que puritanismo… Que seja, substitua por esdrúxulo. Foi esse o sentido que eu quis dar.
13/08/2009 at 20:07
A culpa de tudo isso é de nossos antepassados!
Quem mandou eles se misturarem? E agora somos nós que ficamos aqui, nos matando tentando chegar à uma conclusão racional e politicamente correta…
Eu sou preto, branco, japonês e índio!
E pobre!
14/08/2009 at 20:33
Engraçado que agora ninguém sabem quem é preto e quem é branco (fora a polícia, os departamentos de RH, os livros de história, A TV e os Jornais, as justiças, as “escolhas” de cargos de chefia, a escolha da “boa aparência” na loja e a mãe e o pai da moça)
16/08/2009 at 15:06
Oi? Esse seu comentário foi uma réplica?
18/08/2009 at 03:02
haha sensacional comentário ayra.
13/08/2009 at 20:22
O critério da escola pública não é perfeito. Estudo em uma e não é um ou outro “boy” que aparece por lá. SÃO VÁRIOS.
Logo, escola pública já não é mais lugar só de pobre!
13/08/2009 at 20:24
[…] Somos racistas « Brasília, eu vi […]
13/08/2009 at 20:27
[…] Somos racistas « Brasília, eu vi […]
13/08/2009 at 20:30
Caro Leandro,
Apesar de negro, ainda não tenho opinião formada sobre o atual sistema de cotas. Por um lado, as razões apresentadas por você se traduzem em um importante argumento a favor das cotas. Por outro, vejo que o modo escolhido para operar o sistema de cotas implodiu qualquer debate sobre as diferentes ações afirmativas. Além disso, as cotas jogam nas universidades a culpa por toda a desigualdade racial no país. Creio eu que qualquer mudança que se proponha neste estado das artes exija avanços em direção a outras áreas, não um punhado de políticas recortadas e descoordenadas. Abcs.
13/08/2009 at 20:37
Caro Guilherme,
Não creio que a intenção do sistema de cotas seja o de jogar sobre as universidades toda a culpa pela desigualdade racial. Mas, por estar em uma esfera de atuação federal, o ensino superior tem potencial para servir de exemplo – e de carro-chefe – para programas similares nas esferas estaduais e municipais. No mais, por algum lugar essa briga tinha que começar.
Forte abraço.
14/08/2009 at 11:59
Caro Leandro,
Com certeza o ensino superior pode vir a servir de carro-chefe. Mesmo assim, um carro-chefe perde sua força se não vier acompanhado de outras alegorias. Veja que melhorar o acesso ao ensino superior não implica em maior afirmação no mercado de trabalho, pois, além da discriminação, a trajetória anterior ao ingresso na universidade (principalmente a de suas famílias) importa para o resultado futuro dos negros. Neste sentido, as cotas são inócuas e uma forma mais interessante de se promover maior acesso ao ensino superior e ruptura nas trajetórias familiares pregressas dos negros seria melhorar a qualidade das escolas públicas de ensino fundamental e médio e expandir as vagas públicas nos ensinos medio e superior, solução mais cara do ponto de vista fiscal (ainda mais em um país fiscalista como o nosso, onde a melhoria do serviço público através da contratação de novos servidores é vista como um desperdício). De resto, concordo que haveríamos de começar de algum lugar, caso contrário nem estaríamos debatendo o tema hoje. Abcs.
13/08/2009 at 20:34
Esse post me convenceu.Agora,o critério de frequentar escola pública aqui é a meu ver,um caso a pensar;estou sendo estraga prazeres mas aqui tem muita gente abonada que fez escola pública,como por exemplo,roseana,fernando,só para citar dois conhecidos.
13/08/2009 at 20:48
O Brasil e o mundo todo ainda é muito racista. Mas e quem é negro e tem dinheiro para pagar um boa faculdade? Não estará ele abusando das cotas? Não seria melhor dar cotas àqueles que realmente precisam??
E, como reconhecer verdadeiramente um negro? Afinal, não temos quase todos nós um pouco de negro, um pouco de branco, de japonês, um pouco de tudo nesse Brasil?
Discordo de você quando diz que um filhinho de papai, sendo negro, não pediria um cota. Tenho amigos como exemplo. Ninguém quer gastar dinheiro e como diz o ditado “de graça até injeção na testa.”
Acho que o que realmente incomoda a muita gente, incluindo a mim, é que as cotas podem até ser benéficas, de um certa maneira, mas são medidas a curto prazo e pouco eficazes. O certo seria o Governo estar gastando este dinheiro com uma educação de base que desse oportunidade para negros, brancos, pobres ou quem quer que seja.
[]s
14/08/2009 at 20:41
Pois é, quem é negro e tem dinheiro pra pagar faculdade está numa razão tão grandiosa que realmente invalidaria o sistema de cotas. É como o problema dos numerosos “brancos pobres”, né. Estatisticamente é uma população tão avassaladora que não há como pensar em cotas. Afinal, a população brasileira está estratificada como: negros ricos e brancos pobres.
14/08/2009 at 22:33
Não, mas te digo que existe muito mais do que você pensa. Não falo de pobre ou rico, mas sem condições e com condição.
Eu mesmo tenho diversos exemplos de ambos os casos que você afirma que são muito raros.
Do jeito que você imagina, as cotas são perfeitas e vão resolver o problema do racismo a tal ponto que são extremamente necessárias.
13/08/2009 at 21:18
[…] [Originalmente publicado no blog Brasília, eu vi de Leandro Fortes, podenso ser acessado em: https://brasiliaeuvi.wordpress.com/2009/08/13/somos-racistas/%5D […]
13/08/2009 at 21:39
“do rebaixamento do nível acadêmico por conta da presença dos negros nos redutos antes destinados quase que exclusivamente aos brancos da classe média para cima”
Você distorceu o argumento…
O rebaixamento do nível acadêmico se deve à facilitação da entrada das pessoas pela cota. Alguns negros que talvez não entrariam sem a presença desse novo sistema, podem talvez não conseguir acompanhar as aulas. E isso não por serem negras, e sim por não terem tido nota suficiente para entrar naturalmente na faculdade com o modelo anterior.
A cota sim é uma simplificação de um problema maior: a qualidade de ensino nas escolas públicas.
14/08/2009 at 20:47
Carla, esse é o argumento mais antigo usado para tentar detratar o sistema de cotas. Mas antigo e mais superado. Já se tem resultado do acompanhamento dos egressos por cotas e suas notas são ou iguais ou melhores que a dos egressos de outras formas.
29/08/2009 at 15:42
linka essa estatística, ayra.
15/08/2009 at 22:23
Mesmo com as cotas, ainda há uma pontuação mínima que o candidato deve alcançar no vestibular para ser aprovado.
E independentemente da questão das costas, eu acredito que o vestibular não seleciona os melhores estudantes ou os mais aptos a cursar o ensino superior. Se fosse assim, os melhores classificados nos vestibulares seriam sempre os melhores alunos na faculdade, o que não acontece.
18/08/2009 at 03:10
O vestibular está longe de ser um método eficiente para a “seleção” de alunos para as faculdades, afinal, uma prova de algumas horas sobre tudo que aconteceu, acontece e pode acontecer no mundo é obviamente uma furada.
13/08/2009 at 21:45
Eu devo ser filhinho de papai, aliás tenho até acesso a Internet. Sou de uma escola federal e sua afirmação não possui argumentos que a apoiam. Os cursos técnicos é tecnólogos são formados quase absolutamente por indivíduos “pobres”, claro com exceções no caso dos ensinos médios, que são formados em maioria por indivíduos de classe média baixa. Uma exigente de renda máxima, que considere não só os trabalhadores assalariados, é suficiente, servindo o de escolas públicas apenas para incentivar o uso das mesmas.
13/08/2009 at 21:48
Alerto recentemente do grande problema do PROUNI, e outros projetos estaduais. Onde a educação superior vem sendo terceirizado em vez de expandida e melhorada.
13/08/2009 at 21:57
Caro Leandro,
Parabéns pela análise de uma situação artificialmente manobrada pelas elites para parecer complexa, embora – infelizmente – seja tão simples e visível. Peço autorização para transcrever seu artigo em meu blog – blogdogersonnogueira.wordpress.com
Abs.
Gerson
13/08/2009 at 21:59
[…] aqui […]
13/08/2009 at 22:07
Algum tempo atrás o Catatau colocou um texto intitulado “Raça: entre o argumento biológico e o sócio-histórico” (link no “site”, acima).
Gostaríamos de sugerir esse texto para contribuir no debate. Tipificamos lá os discursos, favoráveis ou contra as cotas raciais. Partimos do fato do racismo tipicamente brasileiro, em termos semelhantes aos elencados por você. Mas chegamos a um argumento um pouco diferente, a favor das cotas sociais ao invés de raciais.
16/08/2009 at 15:55
Parabéns Leandro e Catatau!
Seus textos são muito interessantes e retratam duas visões sérias e bem embasadas da discussão!
Mas do que tudo, se faz necessário pensar esse problema. Sem medo de discutir e adotando o respeito como medida principal.
Tenho mais umas considerações a fazer:
1) Não considero o PROUNI como um medida de cotas. Sua finalidade e sua estrutura é totalmente diferente. Fazer essa associação pode ser considerado até um equívoco.
2) As cotas por si só não bastam! Apesar de ser mais inclinado às cotas sociais, reconheço que a implementação de cotas surtiu um efeito de extrema importância no acesso da população menos abastada a essas instituições.
3) Não considero que os cotistas representem o nivelamento “por baixo” do arcabouço intelectual das universidades. Pesquisas sérias feitas nas mesmas provam exatamente o contrário.
4) Acho complicado uma política deste porte ser pautada apenas em critérios subjetivos, apesar de, como dito acima, reconhecer seus avanços e sua importância.
5) Há que se tomar cuidado também com a visão preconceituosa relativa aos cotistas, uma vez que sua tipificação pode ser facilmente associada ao fenótipo.
6) Faltou amadurecer este debate na sociedade. Da maneira como foi feito, ainda é comum encontrar pólos/guetos que defendem ou atacam o sistema sem nem ter clareza do que ele realmente tem como objetivo, a que ele está ou deveria estar associado e/ou como ele se estrutura.
Reafirmo que gostei muito dos textos e que é muito bom ver a discussão deste tema ser feita com esse nível.
Parabéns.
13/08/2009 at 22:49
Muito bem, Leo. É mais uma das nossas vergonhas.
http://olicruz.wordpress.com/2008/07/29/chegou-a-hora-dessa-gente-bronzeada/
13/08/2009 at 22:53
Prezado Jornalista
Há uma discussão sobre formação acadêmica que no teu texto é colocada de forma distorcida como “tese do perigo do rebaixamento do nível acadêmico por conta da presença dos negros”. Óbviamente não cabe em nenhuma discussão inteligente essa argumentação, o que se pretende discutir é a faláciosa tese simplista de acreditar que é possivel alcançar uma evolução academica satisfatória com uma base de ensino ruim, como via de regra tem sido a qualidade do ensino público nas escolas de primeiro e segundo grau, oferecido aos negros e aos quase negros de tão pobres.
Sou negro e me incluindo entre os de boa fé que acredita ser equivocada a politica “afirmativa” de cotas. Digo que um homem negro verdadeiramente se “afirma” como cidadão, e assim se sente, quando tem igualdade de condições para conquistar por méritos próprios o acesso a um ensino superior e não quando como “pagamento” compenstório dado como esmola pela cor da sua pele.
14/08/2009 at 10:04
Exato. A cotas é a distorção do problema e um jeito do governo de falar: “estamos tomando providências”. É uma medida a curto prazo que no fundo pode não adiantar de nada, pois não melhora a educação.
A cidadania do negro tem que ser conquistada dando iguais oportunidades, seja na educação, seja no emprego, seja em salários iguais.
Dar cotas é o mesmo que dar esmola, chamar de incompetente. É ser racista.
Vejo essa reparação sua como a de um pai que por estar ausente, privilegia um filho, mima. Ou igual a um que vê um mendigo na rua e prefere dar 1 real do que ter ele incomodando. A cota é uma maneira do governo satisfazer uma parcela da população negra (infelizmente grande parte) para que ela fique satisfeita e não cobre educação melhor e direito iguais.
Feliz seremos no dia em que a educação for boa para todos, porque aí não importará a cor. Todos terão a mesma educação e direito e todos terão a capacidade de conseguir.
14/08/2009 at 20:58
Pois é… essa medida de “curto prazo” foi implementada em alguns lugares. Bom, pra citar o mais conhecido, os EUA, lá se pôde ver a formação de uma classe média negra onde agentes como médicos, advogados, juizes e (sei que é lugar comum, mas) até um presidente. Isso gerou uma “visibilidade” que é refletida na TV e merchan, e passou a atingir (com sequelas gravíssimas) o pensamento racista. O sistema de cotas combate o racismo em 3 frentes possíveis: ele mostra ao brasileiro que ele é racista e deve mudar; ele tira o negro da invisibilidade cidadã; ele ajuda na autoestima do negro, que passa a acreditar na possibilidade de ter o que, hoje, é visto como pertencente a outro (mesmo tendo ele também direito).
14/08/2009 at 22:43
Ayra, logo no EUA, onde o racismo é 10 vez maior temos muito mais negros ricos do que aqui. Isso porque a primeira coisa que conta nos EUA é o dinheiro e depois o resto.
Não é o caso do Brasil onde racismo só não acontece com pessoas negras famosas, como Pelé, artistas e olhe lá.
Isso é uma medida paleativa que nem garante que o negro possa realmente pagar por todos os custos que terá na faculdade, pois se você não sabe mesmo faculdades federais tem um custo bem alto de livros, xerox, transporte, alimentação. Não basta criar cotas e por o cara lá dentro se ele tem base educacional fraquíssima e não tem dinheiro para arcar com isso.
A única coisa que adianta, e tenho certeza absoluta que se o Brasil quiser implantar, que é uma educação melhor, de qualidade, pagar salários decentes que valorizem o professor e que restaurem sua auto estima e vontade de dar aula, nenhum de nós irá chiar, esperniar e reclamar que não adianta.
É fácil ficar falando esse discursos de que “A classe média é isso”, “A classe pobre é aquilo”, “Os ricos são deste jeito”, sendo que o governo não toma atitude nenhuma e quando vai tomar faz estas medidas bobas que não fazem uma cócega de mudança na sociedade.
Eu não sou expressamente conta cotas, ajudas, bolsas, mas o que o governo faz hoje é uma palhaçada sem tamanho. Apenas medidas de curto prazo, com pequeno efeito que serão heranças custosas não só para futuros governos, mas como para o Brasil todo. Porque não fazer algo que demore 20 anos e que resulte em transformações como fez a Coréia? Porque no Brasil se vive de mostrar resultados a curto prazo que não mudam quase nada, mas mostram a população que houve uma “medida” do governo.
15/08/2009 at 09:15
“Feliz seremos no dia em que a educação for boa para todos, porque aí não importará a cor. Todos terão a mesma educação e direito e todos terão a capacidade de conseguir.”
Blá-blá-blá. Enquanto não se reforma a educção e não se garante educação pública de qualidade a todos, então, nós, a criolada, chupamos o dedo e vemos o barco passar?
Talvez o medo dessa “queda de qualidade” obrigue a sociedade a discutir de maneira mais séria as questões da educação pública básica.
“Quem sofre racismo tem pressa”
29/08/2009 at 17:20
ayra, o texto do lucas é bagunçado em algumas partes, mas ele tem uns bons pontos a se catar. por exemplo, o fato de brancos e negros nos estados unidos não se misturarem. e isso, em uma boa parcela, é acentuado pelo sistema de cotas americano, pela condição permanentemente conscientizadora de raça do próprio sistema.
a idéia de que as cotas *realmente* combatem o racismo é completamente torta. você coloca os negros com mais dinheiro e com mais poder — ninguém precisa exibir números para isso, em qualquer modelo econômico em que damos mais vantagens para uma das partes, essa ‘uma’ parte sai abocanhando uma parcela maior do mercado –, mas não existe um combate efetivo do racismo porque as cotas competem, er, com a racionalidade de cada um.
fora que no início, se eu me lembro bem, sendo as cotas uma *polítca pública*, não haviam nelas definições bem básicas para uma *política pública* decente — como definir claramente se os resultados foram atingidos, tempo de duração da polítca etc. foi algo enfiado goela abaixo antes de qualquer verdadeiro debate nacional sobre o assunto — o debate praticamente só apareceu depois que as cotas foram implementadas.
*****
eu sou da opinião de que as ações afirmativas, se necessárias, têm que acontecer fora do estado, fora das políticas públicas, sem uma diferenciação — por lei — sistemática da população.
a solução para os problemas brasileiros são sempre buscadas no estado. eu acho isso horrível. o vigor cultural de uma nação se mede fora disso e, em verdade, funciona às vezes em competição com o tamanho do estado. o brasileiro tem que sair da cadeira e fazer algo sobre a sua realidade — sabe o que eu achava horrível naquela campanha para não darmos esmolas? a imbecilidade da contrapartida não ser ‘participe’; a mensagem que deveriam passar era ‘não dê esmolas como se fosse para afastar um problema, mas participe ativamente do combate à pobreza. ajude porque você realmente quer’ ou alguma coisa que alertasse o ímpeto da população diante disso.
25/08/2009 at 20:04
Ótima resposta. O autor tem um poder de argumentação forte, mas este sistema de cotas para negros tem, querendo ou não, falhas graves.
13/08/2009 at 23:10
Leandro,
Descobri este post, e seu blog, atraves do Twitter. Esta materia eh a mais razoavel e bem pensada que ja li sobre as cotas raciais no Brasil; com certeza melhor do que qualquer coisa que ja li na imprensa formal. Parabens! 🙂
13/08/2009 at 23:27
Também sou a favor de cotas sociais e étnicas ao mesmo tempo – só discordo em parte do argumento do Túlio Vianna: Em geral quem estuda em escola pública hoje é pobre – por conta do desmonte da educação pública -, no entanto, existem os colégios militares e colégios de aplicação que não são frequentados exatamente por pobres e também são públicos. Também há a exceção dos alunos pobres que estudaram em colégios privados com bolsa.
Só discordo um pouquinho sobre o PROUNI que é um bom projeto, mas deveria envolver apenas universidades e centros universitários que atingissem certos parâmetros mínimos de excelência; o Estado bancar bolsas em uma PUC é correto, mas fazer o mesmo com uma Uninove ou Unip não.
É verdade que o Governo Lula também fez investimentos interessantes nas Universidades Federais paralelamente ao Prouni, mas poderia ter ampliado mais vagas nelas, caso tivesse dado isenções fiscais apenas para as boas universidades privadas.
14/08/2009 at 00:10
Só acho que tinha que ter uma nota mínima por matéria, no vestibular, as matérias variando conforme o curso pretendido, e a mesma nota para brancos, pobres, negros e ricos. Não sabe regra de três, não entra em engenharia, nem com belos olhos verde-moeda.
Mas diz aí, pra montar a seleção, o Robinho é titular e o Pato reserva? O Grafite é fácil, mas qual a situação do Luís Fabiano? O Washington é branco, certo? E o goleiro, tem de ser negro para resgatar o sofrimento de Barbosa? Não funciona, é cinza demais.
Basta cobrar a cada um conforme o bolso, e entregar a cada um conforme a boca, e a cor da criatura que se foda.
18/08/2009 at 03:19
Na maioria dos vestibulares ja tem.
14/08/2009 at 00:21
Leandro,
Parabéns por este excelente texto. É do tipo que lava a alma, são argumentos ponderados e certeiros. Além de tudo, a indicação do video da TV Pirata é a cereja do sorvete…
No mais, acho que, por se tratar de uma política pública, sempre aparece a falácia da composição: “se eu, sendo negro, posso me afirmar como cidadão sem precisar de cotas, então as cotas são desnecessárias (ou perniciosas)”.
É um argumento conservador, independente de quem venha. É da mesma linha que você menciona no começo do texto.
Ora, na nossa sociedade estruturalmente desigual e com um preconceito à flor da pele (desculpas pelo trocadilho), é óbvio que a composição racial das classes não irá mudar – a despeito de méritos pessoais inegáveis nesse sentido. Não podemos generalizar esses casos.
Melhorar o ensino público é uma urgência, principalmente no ensino médio. Isso não impede que o acesso mais democrático à universidade colabore para reverter a desigualdade racial do país.
Melhorar o ensino público serve para diminuir a desigualdade entre classes. Cotas servem para diminuir a desigualdade entre raças. São duas políticas necessárias e independentes.
Um abraço do admirador,
Eduardo
14/08/2009 at 00:34
Cortez,
O problema da analogia com o futebol, é que lá, as pessoas concorrem em igualdade de condições prévia, não há nenhum fator público ou histórico que impeça um negro ou um branco de chegarem a seleção brasileira – como não havia mesmo na Roma antiga que um bárbaro fosse reconhecido como um grande gladiador, ainda que fora do espetáculo, ele não fosse exatamente um “igual”.
14/08/2009 at 01:25
Pois é mas como escapar, no Brasil, de um critério subjetivo que determine quem é negro?
14/08/2009 at 14:42
Nunca houve dificuldade para diferenciar quem é negro de quem é branco no Brasil. Isso só foi levantado depois que o mecanismo de cotas foi inventado – se há dúvidas, façamos como a barbara fez no comentário # 37: Peçamos para os policiais e seguranças definerem quem é quem, eles sempre fizeram isso com certa facilidade.
14/08/2009 at 01:17
Na mosca, Leandro. Cotas para negros, sim! Reparação histórica já! E precisa ser muito racista pra dizer que não somos racistas.
abç
14/08/2009 at 05:46
Se tem algo que aprendi com o tempo é que a balança com que me medem é a mesma que gostaria que medissem os outros. Sou branco não nego isso para que meu argumento seja mais válido nesse debate. Já fui mal tratado e mal-falado. E sei como é ser julgado quando nem me conheceram direito. Mas sei também como é ser bajulado e bem cuidado, mesmo que indiguenamente. A verdade é que a balança muda muito apenas por causa do jeito de se vestir e ser. E as pessoas pensam de você diferente pelo seu dinheiro, status e poder.
A balança funciona dos dois lados. De um lado ela é alimentada pelo desejo da inveja, do outro pelo sentimento de desprezo. Mas no nosso mundo nunca há o equilíbrio, sempre pré-julgamos tudo. Admito que ja julguei o autor desse post sem nem conhecê-lo. Mas isso não pode ser assim. Odeio quando sou mal julgado pela minha aparência, e não gosto de receber tratamento melhor que os outros, me sinto inferior. E outra coisa que aprendi com o tempo: conquistar por mérito próprio é melhor que depender dos outros. Por isso não vejo as cotas do vestibular como um jeito de entrar por mérito. Ela apenas pesa a balança mais para um lado e pré-julga as pessoas que a usam. É como se ela julgasse de “não capaz” aqueles que por ela entraram. Além disso ela desmerece os esforços dos que suaram para tentar entrar sem ela. Não acho que a balança deve ajustar sua medida por causa da cor da pele. E se cotas forem além das universidades? Se ela tivesse que ser o jeito de nos julgarmos uns aos outros? Então teria que tratar melhor um negro só porque ele é negro? Sei que isso nunca acontecerá, mas vale o argumento para mostrar o que são as cotas.
Se me perguntassem a uns 2 anos atrás se eu apoiasse cotas, eu teria dito que sim. Mas com o tempo pensei mais a respeito do assunto. Se colocássemos cotas seria como se nós dissemos que o branco deve pagar pelos erros cometidos pelos nossos ancestrais em escravizar o negro. Caso fosse assim os parentes de Hitler teriam que pagar pelo que o chefe de estado fez, e os filhos de Collor teriam que ser tratados como corruptos, e finalmente todas as nações imperialistas que usaram o Brasil, África do Sul, China, Congo, Angola etc, teriam que nos retribuir tudo que nos fizeram. Mas não é assim. Os governos que estão no poder agora, nos países inperialistas, não são culpados pelos seus antepassados. E seria tolo de nós querer reparações, isso significaria mais dependência. O que devemos fazer é olhar para frente, estudar para passar no vestibular, esforçar para eu ser um grande estudante e independente da opinião dos outros medir os outros pelo seu valor, honra e humildade.
Se o mundo tivesse que dar reparações sobre tudo que ela fez errado, então os católicos teriam que tratar melhor os protestantes, os cientistas queimados pelas suas “heresias”, as “bruxas”, e uma lista infindável de coisas. Igual eu falei antes reparações criam dependência, e dependência so gera mais dependência. E se os negros querem reparações mesmo, porque não ir devolta na África e exigir isso das tribos que venderam tua raça para os brancos.
14/08/2009 at 10:12
Muito bom, Monolux.
Acho que você sintetiza bem o quão inútil é dar cotas. Embora possa ajudar alguns, é um bela duma medida paleativa, racista e subjulgadora.
Se um dia eu receber alguma vantagem para estar onde estou, sentirei que foi falta de capacidade minha para chegar a este ponto. Muitas pessoas levam isso numa boa, pois isso as ajuda. Mas como você, me sinto inferior quando levo vantagem, e não ajudado.
Ajudar é certo. Dar vantagem, é errado. Já dizia o velho ditado: “Não dê o peixe, ensine a pescar”.
Precisamos de um ensino melhor, e não mais bolsa escola, bolsa família, bolsa isso, bolsa aquilo, esmola, cotas. Precisamos que todos tenham a plena ou quase plena condição de chegar em qualquer lugar e que isso dependa apenas de esforço da mesma e não de fatores como ensino, dinheiro.
14/08/2009 at 15:39
Só faltou voce fazer a saudação nazista no final do seu texto. por que não aproveita e a faz agora? ainda é tempo.
14/08/2009 at 21:59
Só porque você não concorda com meu argumento nem é motivo para me chamar de “nazista”. Me mostra em que parte do texto demonstrei algum pensamento dessa linha que eu pedirei desculpa pessoalmente no meu blog. E você fez exatamente o que eu dizia na minha critica, prejulgados as pessoas sem nem conhecê-las.
14/08/2009 at 22:02
Se você tiver falando do final do texto admito que peguei pesado, mas não foge da verdade, leia qualquer livro de história ou procura na net.
14/08/2009 at 22:06
Triste comentário, hein, Marcelo…A beleza da democracia está em justamente rebater argumentos com os quais se discorda com o mínimo de inteligência. quando se apela assim, não há nem porque continuar a discussão. Sou aluno da USP, e é assim que as pessoas discutem cotas. Triste.
24/08/2009 at 11:42
Cara, o seu argumento seria válido se o vestibular realmente fosse uma seleção de mérito.O vestibular não seleciona os mais capazes, mais competentes e tals, o vestibular seleciona os que foram treinados para o exame.Os que entram na universidade por mérito próprio, entram porque tiveram chance de estudar em centros de treinamento para vestibulares.
24/08/2009 at 13:25
Interessante hein, treinado para vestibular! Conhecimento por osmose, sem estudo…
14/08/2009 at 09:46
Muito bem lembrado que as cotas para pobres JÁ EXISTEM: é o ProUni.
Uma coisa não substitui outra. É fundamental termos as cotas para negros nas universidades. É o resgate de uma gigantesca dívida social.
14/08/2009 at 10:59
Leandro, só não exagere numa coisa. Os de boa fé, como vc diz, que acabam por repercutir a idéia de cotas para pobres, e não apenas para negros, são também idiotas? Pois “só idiotas não percebem a diferença entre o pobre negro e o pobre branco”.
14/08/2009 at 11:31
O vestibular não é a unica barreira.
O meu recorte é a questão do “cair o nível” dos estudantes por conta dos negros ou pobres não terem tido acesso à informação ou acesso à boa educação antes de entrarem na faculdade.
Se esquecem que durante o curso os critérios de avaliação serão os mesmos para todos. A política de cotas não vai favorecer a aprovação anual. Até parece que a unica barreira é o vestibular. Se fosse teríamos uma grande quantidade de formandos “analfabetos”. De todas as cores.
Já li alguns artigos fazendo uma comparação do desempenho entre os cotistas e os não cotistas. No inicio o não cotista está mais atrasado. Mas recupera ao longo do curso. E se iguala ao não cotista. Não sei em que momento, se no meio ou no final.
Talvez já seja possível uma estatística ou um estudo, alguns dados mais conclusivos sobre esse desempenho.
14/08/2009 at 11:59
Excelente texto. Concordo plenamente.
14/08/2009 at 12:07
Leandro
Sou medico (formado na Santa Casa de São Paulo, particular) e filho de um medico (UF do Parana, publica) que era de familia de classe media (escola publica, anos 50).
Só pra enriquecer o debate: serei a favor de todas as cotas assim que meus filhos ingressarem nas boas universidades publicas (ou numa Santa Casa).
Enriquecer o debate porque o fator humano/familiar conta tambem na discussão, e muita gente bem intencionada fica contra as cotas por medo do que pode acontecer com os filhos. Acho sim que meus filhos tem cacife intelectual pra passar nesses vestibulares concoridissimos, mas o temor existe sim, e assim que resolve-lo, vou empunhar a bandeira, que acho correta.
Sinceridade pode ser perigoso, mas não posso evitar.
14/08/2009 at 15:44
Em outras palavras: primeiro seus filhos depois os negros? pra dizer só isso não precisava escrever tanto.
14/08/2009 at 22:46
Flavio,
Embora você tenha o direito de ter sua opinião, fico triste em presenciar tamanha hipocrisia…
Realmente é por isso que o Brasil não vai pra frente.
17/08/2009 at 08:15
Calma pessoal.
Eu concordo com as cotas, mas vamos humanizar nosso discurso: Primeiro meus filhos, depois os negros, brancos, japoneses, mestiços, etc. Coisa humana. Não tenho problemas em admitir: sou humano.
A palavra não é hipocrisia. É sinceridade. E o que eu coloco nessa discussão é justamente que na discussão das quotas esse elemento humano e até mesmo mesquinho existe, e NÓS defensores das cotas temos que ter isso em vista, até pra melhor compreender o problema. Não me importaria em pagar mensalidade pra filho meu estudar numa Unifesp, por exemplo, pois o problema meu não é tanto o financeiro, mas a qualidade da universidade. Se melhorarmos o nivel não só do ensino basico e medio publico, mas tambem do ensino supeior privado… mas realmente quem tem fome tem pressa, como diria Betinho.
17/08/2009 at 09:54
Flavio,
humanizar o discurso?
Você está parecendo aqueles brasileiros no senado, como o Sr. Sarney. Primeiro, a família dele, depois os amigos, depois os companheiros de senado, depois os amigos e cônjuges da família e por último a população.
Realmente é por causa de discursos altamente egocêntricos e mesquinhas como o seu que o Brasil não vai pra frente. Se o seus filhos merecem, então porque os filhos dos outros não?
Você não defende a cota, defende a si próprio.
17/08/2009 at 19:27
Lucas
Como tenho defendido a permanencia do Sarney, contra tudo que ja disse antes dele, sua comparação ja não me choca.
Estou colocando um ponto de vista a mais na roda. Seculos de injustiça, e vão corrigir na minha cabeça? (pensarão muitos). Voce tem filhos? Sinto muito, primeiro os meus filhos mesmo, não tenho nenhum pudor de admitir isso. E arrisco muito meu pescoço lutando contra corrupção aqui na minha região, não tenho medo de expressar as minhas idéias progressistas, nos muitos ambientes que frequento. E tambem não tenho medo de colocar pensamentos divergentes em foruns onde sei que serão minoria.
Pode pensar o que quiser, aos 45 ja não me importo muito com alguns julgamentos. Não dobrei a lingua em situação pior.
Só não sou contra as cotas. Sou a favor delas. E AFIRMO que questões pessoais vão SIM influenciar no debate.
17/08/2009 at 19:29
Só acrescentando, quando coloco primeiro os meus filhos, não digo que quero que eles tenham mamatas como as que o Sarney deu pra familia dele. Ensinei os caras a fazerem por merecer.
17/08/2009 at 22:39
Ok Flávio, não espero que você mude seu discurso.
Mas, queira ou não, você está sendo hipócrita. Se primeiro o filho de todo mundo, então nunca existirão as tais cotas. Ou seja, no fundo você é contra as cotas. É que nem aquele sujeito que pode ficar ruim, mas só depois que eu morrer. Aí não vale né.
Questões pessoais sempre influenciam, mas pense, é anti-ético usá-las para se favorecer ou tentar prevalecer sua opinião.
Citei o Sarney como exemplo porque você está fazendo o mesmo. Priorizando os filhos quando deveria estar pensando na sociedade. Se todos pensarem como você, adeus sociedade!! É cada um por si.
Tudo bem é sua opção, mas que é muita hipocrisia é. E isso te faz contra as cotas.
19/08/2009 at 11:37
Ta bom, nenem, voce tem razão.
Agora toma sua mamadeira e dorme, fio…
19/08/2009 at 11:52
Se você não sabe argumentar e defender seu ponto não sei nem porque veio aqui.
Posso ser nenem perto de você em termos de idade, ou não. Mas, em termos intelectuais você foi o nenem.
Obrigado por pelo menos admitir que não consegue discutir maduramente e que seu argumento não está à altura.
29/08/2009 at 16:04
flávio, bicho, você escreveu mesmo o que você acabou de escrever? eu gostaria que você fizesse um soulsearching aí, pensasse, por exemplo, no seu socialismo — aparentemente, se é assim que você pensa sobre cotas, você deve achar que o socialismo é para alguns e para outros, er, não.
e, cara, eu acho bom que você tenha esse instinto de defesa familiar, mas, véi, olha o que você acabou de escrever. tipo, releia o troço. e de novo, se ainda não tiver pegado de qualé.
o lucas te empurra contra o canto e você fica todo melindroso. chama o cara de neném, se nega a discutir. o lucas pode até ser mais novo do que você, mas é você que tem o comportamente de adolescente quando vem parar aqui — ‘meus ideais são muito melhores do que o seu’ (sic).
14/08/2009 at 12:10
Caros:
Para aqueles que acreditam que as políticas públicas de ação afirmativa são uma utilização errada e excessiva do dinheiro e do poder público em favor de negros, indígenas, mulheres, portadores de deficiências etc., deixo uma só pergunta:
Quem conhece uma única fortuna feita no Brasil em todos os tempos sem a participação do poder público, na forma de benesses, apadrinhamentos, incentivos, malversações, corrupção?
Se nem um único grupo familiar ou empresarial neste país jamais evoluiu sem uma ajudinha pública, qual o problema de se ajudar o negro?
14/08/2009 at 15:49
Cara, mandou bem, concordo 100%. Me lembrei daquela frase “aos amigos tudo, aos inimigos a justiça”. Em relação as cotas para negros: aos brancos tudo, aos negros o merecimento.
14/08/2009 at 22:08
Então, é assim: já que todo mundo rouba, vamos dar um pouquinho para os negros também… Meu Deus! O que é isso!?! O certo é não roubar. Não ter ‘ajudinha’ pública, benesses, apadrinhamentos, incentivos, malversações e corrupção…
14/08/2009 at 22:21
Cesar Cielo, Futebol, Jiu Jitsu(pelos Gracies), o avião(Santos Dumont) etc. Cadê seu orgulho em ser brasileiro? E quando você fala que no Brasil nada cresce sem apoio do poder público, você esqueci que isso ocorre em todo o mundo. Nos EUA a tecnologia vem quase toda do militar. Na Europa as fabricas de fama, especialmente de carros, foi muito ajudado pelo governo. A China todo mundo sabe que o governo que controla. E você vai ficar chorando que o governo não ajuda os negros com suas cotas? E os nordestinos que nem precisa falar os problemas porque todo mundo já sabe, e mesmo assim o governo nunca pensou neles. E quando pensa da cesta básica, como se isso fosse concertar alguma coisa. Invista em escolas públicas isso é o melhor jeito de colocar mais negros na universidade. Mas não invistir tacando dinheiro para torra com corrupção- como faz hoje em dia, mas sim investir com inteligência.
16/08/2009 at 19:43
Prezado:
se você reler seu texto, verá que não responde ao meu, mesmo porque não faz, sinceramente, sentido algum discordar apresentando exemplos que auxiliam minha argumentação.
Quem me leu com atenção e examinar a história, principalmente a do Brasil, saberá que a essência do poder é ajudar os fortes e criminalizar os fracos, inclusive ao arrepio da lei. Já as políticas públicas de que falo devem ser feitas diante da lei.
Por fim, só mesmo muita ignorância para não saber que investir no negro, no pobre, no indígena, na mulher, é investir no Brasil.
Precisa de exemplo? Então diga o que aconteceu na história do Brasil nas poucas vezes e áreas da sociedade em que o negro teve oportunidade.
14/08/2009 at 12:15
Gosto do texto e concordo em grande parte com ele. Apesar de considerar que a discussão sobre os critérios de seleção da cota racial não se encerrou, penso que precisamos ir além dela.
Tenho receio de que ficar apenas na palavra de ordem “Cotas já” faz com que se esqueçam que junto com as cotas deve haver uma política consistente de permanência nas universidades, com bolsas de estudo e estágio para que os alunos possam cursar de fato a faculdade. Não adianta nada fulano entrar num curso puxado e sair dois meses depois porque tem que ajudar com a renda.
E, na boa, essa falácia sobre perda da qualidade me irrita. Sabe-se que o vestibular, embora necessário, não é um bom índice para o rendimento na universidade. No meu curso, alguns dos primeiros colocados no vestbular foram alunos apenas medianos e ingressos de terceira, quarta chamada tem algumas das melhores notas.
14/08/2009 at 12:36
[…] Somos racistas […]
14/08/2009 at 13:08
Caro Leandro, você escreveu: Há duas razões essenciais que me fazem apoiar, sem restrições, as cotas exclusivamente para negros…
Eu pergunto: e nos indígenas, não vai nada?
Sou a favor de cotas sociais e étnico-raciais, indígenas incluídos.
03/09/2009 at 15:12
eu sou a favor de cotas para anãos.
14/08/2009 at 14:26
Algumas coisas:
1. Vestibular não é garantia de preparação. É uma lista que classifica os candidatos, que depois entram de acordo com o número de vagas. Tanto que existe 2ª e 3ª chamadas.
2. Temos que levar em consideração que quem ganha com as cotas não são só os negros que entram na universidade. A universidade ganha ao ter diversidade e a sociedade ganha, ao estimular a ampliação de uma classe média negra (se seu dentista for negro, fica mais difícil o policial ver negro apenas como suspeito).
3. Já que falamos nisso, tem uma sugestão que o Arnaldo Branco já fez pra quem se preocupa com o critério pra ser considerado negro: deixa a polícia escolher. Policiais e seguranças sabem diferenciar perfeitamente negros de não-negros.
14/08/2009 at 14:49
Ok. E todo os que aparentemente são brancos pela polícia mas que vem de família negra, sofridos, e que sempre sofreu preconceitos. De acordo com o conceito seu e do Leandro, deveria entrar, mas não irá só porque a polícia não o reconhece como negro.
E, caso seja por teste de DNA, pouco serão os que não são negros. Como determinar? Por maioria negra no DNA? E os que são de minoria negra mas tem um histórico de sofrimento pela discriminação.
Repito, são raros os 100% negros ou 100% brancos. O Brasil tem maioria mulata e e boa parte declarada branca mas que tem um veia de raça negra. É realmente grande hipocrisia determinar quem sofreu, quem sofre com isso.
14/08/2009 at 14:38
Sou formado pela USP onde entrei sem política de cotas e ainda assim fui várias vezes discriminado dentro e fora da academia. Hoje formado, com pós em andamento, digo aos meus alunos que as cotas não mudarão a cabeça dos racistas declarados ou “cordiais” mas sem dúvida abrirá novas perspectivas para os negros nessa sociedade. A diversidade só é possível quando todos falam do mesmo patamar e as cotas ajudam nisso.
14/08/2009 at 16:05
Odair,
Você é um vencedor: as próximas gerações saberão agradecer o ímpeto que pessoas como você tiveram…
14/08/2009 at 16:02
Caríssimo Leandro,
Você foi brilhante no comentário. Não se pode negar que o preconceito racial existe. Caso contrário o Park Shopping (DF) empregaria mais negros: ou será que o percentual de negros desempregados em Brasília é menor que o de brancos?
A cota racial ( esta como instrumento temporário – talvez pelo mesmo tempo em que escravisamos os negros africanos), assim como a cota para deficientes, a licença-maternidade, etc, são políticas afirmativas e devem, sim, existir.
O problema é que a elite branca, que pode pagar faculdade particular, não admite a possibilidade de seus filhos sofrerem maior concorrência no vestibular da universidade pública.
Em suma, o problema social coexiste com o racial e as cotas são apenas uma luz no fim do túnel, um fio de esperança, para essa grande massa negra de excluídos que aí está…
Um grande abraço.
14/08/2009 at 22:41
Lógico que existiriam mais negros desempregados. Todo mundo sabe que existem mais pobres negros que brancos, esse é um fardo que levamos por causa da escravidão. Então é mais uma questão de preparação do que de preconceito. O pobre tem menos preparo por ter menos recursos e teoricamente seriam menos empregados que os brancos que geralmente tem mais recursos. As vezes negros veêm racismo onde não existe, pois se acham inferior, quando na verdade são iguais a todo mundo.
E para de generalizar as coisas. Meu pai é branco e minha mãe também. Só meu pai ralou para conseguir me dar uma boa educação hoje, teve uma epóca que mesmo casado ele teve que morar com minha avó por falta de recursos. Odeio ter que dar exemplos meus para validar um argumento, mas está aí não é só negro que sofre. Para de falar que é a “elite branca” que está conspirando contra os negros para seus filhos não terem concorrência. Porque as familias querem o melhor para os seus filhos e não querem que eles sofram uma concorrência desleal. E se alguem me chamar de nazista de novo eu nem comento mais, tira todo o motivo de se argumentar inteligentemente.
15/08/2009 at 22:35
A escravidão acabou há 121 anos. Já não era tempo desse “fardo” ter acabado, da desvantagem ter se transformado em igualdade de condições, se de fato vivemos em uma sociedade justa e meritocrática? Ainda mais considerando que os negros são “iguais a todo mundo” como você disse. E são mesmo! Ainda assim são mais pobres que os brancos, estão em menor número nas universidades, etc.
Não acho que se apoiar na ideia de que isso é um fardo histórico seja uma boa, já que isso dá o passe livre pra não fazermos nada, afinal nem éramos nascidos, né?
14/08/2009 at 16:07
O problema de fundo é econômico, e não de cor. Só haverá justiça social quando, erradicada a pobreza, tanto negros quanto brancos terem pleno acesso ao desenvolvimento de suas capacidades.
Portanto, o sistema de cotas nada mais é que um paliativo. Enquanto paliativo, ajuda a minorar o problema, mas não a solucioná-lo.
14/08/2009 at 19:16
tejo,
Quase. A proporção de negros pobres é maior do que a de brancos pobres. O salário médio dos negros é inferior. Não existe essa simetria na pobreza.
18/08/2009 at 16:32
Hugo,
Não disse que exista simetria- é evidente que há mais pobres negros que brancos.
Mas o ponto que friso é que o que deve ser combatida é a raiz do problema: a POBREZA, que não deve acometer nem negros nem brancos.
É por isso que as cotas são paliativos, mas não resolvem o problema de fundo (econômico).
14/08/2009 at 17:32
Se partirmos do pressuposto de que é fácil “fraudar o sistema burocrático” e nada pode ser feito a respeito disso, então é melhor afundarmos a cabeça no chão e não fazermos nada. Se acreditarmos que as leis de nada servem, não há motivos para discuti-las.
Universidades públicas devem ser destinadas a estudantes oriundos de escolas públicas, simples assim. Destinar as vagas que devem ser para pobres apenas para negros pobres é tentar corrigir uma distorção com outra.
Racismo, no Brasil, existe, sim. E deve ser duramente combatido. Mas também não vamos misturar as coisas.
14/08/2009 at 18:36
Caro Leandro. Cheguei em seu blog pelo site do PHA e concordo integralmente com o seu posicionamento. Moro na Serra Catarinense, uma região de SC que não é dominada por imigrantes europeus como a maior parte do nosso estado mas onde são poquíssimos os negros. Confesso que eu fui um que me surpreendi com a grande quantidade de negros na rua qdo fui fazer faculdade em Florianópolis, uma realizade estranha ao que meus olhos eram acostumados. Acabei conhecendo o mais belo exemplar feminino nessa ilha mágica e já estamos juntos há 6 anos. Um detalhe, ela é negra. E foi vivendo esta situação mais de perto que eu passei a entender a importância das cotas. O maior exemplo que eu dou para aqueles que criticam as cotas é o seguinte: a maior parte dos meus amigos são filhos de pais que cursaram alguma faculdade, fazem parte da 2ª ou 3ª geração de universitários. Na família da minha noiva, ela foi a primeira a terminar um curso superior (formou-se há 4 anos com 26 anos de idade). Será que é tão difícil perceber que às pessoas negras foram dadas menos oportunidades? Parabéns pelo texto, vou tomar a liberdade de divulgar seu blog para que outros possam ter um novo ponto de vista e, quem sabe, abrirem os olhos.
14/08/2009 at 20:03
Sou branco,mas não pude estudar numa universidade porque não tinha como bancar (nem mesmo uma pública). Meus filhos estão na mesma situação minha. E vc ainda diz que só os negros merecem cotas! Não sou racista, pois fui criado com negros desde a infância, passando pelas mesmas ignomínias e carências. O PROUNI não é o mesmo que cotas. A começar que o PROUNI só vale para faculdades privadas ruins, enquanto as cotas é para as federais. Em minha vivência com negros nunca testemunhei situação vexatória relacionada à cor da pele tal qual se proclama por aí. Acho essa politica um oportunismo eleitoreiro do PT. Cotas sim, mas para todos os pobres.
14/08/2009 at 22:46
Concordo! Mas cotas não, mas sim bolsas que bancam o percursos de cursinhos bons até o termino de faculdades. Para passar com dignidade, sem auxilio, no vestibular.
14/08/2009 at 23:02
Com certeza as cotas são mais uma das artimanhas do PT de curto prazo para se obter votos, como o bolsa família, bolsa escola, bolsa isso, bolsa aquilo, esmola, etc etc etc.
Tenho um exemplo similar ao teu perto de mim, porém com muito sacrifício de familiares consegue se manter em uma faculdade pública. Detalhe, não estou falando de ninguém negro.
O erro é achar que toda elite é branca e que todos os negros são pobres.
Cotas apesar de ajudar, como no seu caso, é um medida muito fraca. Não adianta quase nada. Da muito pouca oportunidade e seria mais uma esmola do governo que custa caro para a máquina pública. Só para se ter um idéia se investe muito mais nisso do que se investe em educação. Quando digo muito mais, é muito mais mesmo. Um completo absurdo. É como dar uma mesada maior ao filho do que ele ganha de salário. Isso é algo para mimar a população e tornar a mesma dependente. Não digo que isso não ajuda, mas apenas num curto espaço de tempo.
Em países que se preza pela educação, há investimentos na mesma e não uma bolsa porque o cara não tem condição. Na Coréia foi feita uma reforma gigante nos anos 80 e hoje ele é um país desenvolvido e com um PIB bem maior que o do Brasil. Só pra se ter uma idéia o PIB per capita da coréia é quase 3 vez o do Brasil. Ela tem 1/4 do número de habitantes do Brasil e mesmo assim tem um PIB de 1,2BI contra 1,9bi do Brasil. Mais do que a metade com 1/4 da população. Esse quadro era o inverso em 1980, mas mudou como você pode ver.
15/08/2009 at 00:40
O Prouni não “vale para faculdades privadas ruins”, vale para todas que são signatárias do programa – isso inclui uma PUC-SP ou uma uniesquina. Ok, concordo que ele não deveria valer para certas universidades com baixos resultados no ENADE, no entanto, dizer que ele não inclui nas boas universidades privadas é um engano. Ademais, ou eu muito me engano ou no Governo Lula houve um aumento significativo de vagas nas federais.
14/08/2009 at 21:17
[…] Somos racistas Enquanto interessava às elites brasileiras que a negrada se esfolasse nos canaviais e, tempos depois, fosse relegada […] […]
14/08/2009 at 21:53
Caro Leandro
Li seu post, e, com a criação das cotas, o racismo vai ser exteriorizado – nas faculdades, qualquer negro será tratado como ‘intelectualmente inferior’ porque entrou por meio das cotas. Digo mais: nos EUA, muitos negros não se assumem como tal para entrar em uma faculdade justamente para provarem para si mesmos que são capazes de fazerem-no sem apelar para as cotas. Merecimento. Meritocracia.
Sou filho de portugueses, e parece que eu tenho uma dívida com a sociedade brasileira. Estou cansado de pedir desculpas por coisas que eu não fiz. Não, eu não tenho dívidas sociais. Não, eu não vou pedir desculpas por ser homem, nem branco, nem heterossexual. Não vou pedir desculpas por nada disso. Não tenho que. Concordo com políticas SOCIAIS, mas raciais…
Os negros não são inferiores e não devem ser tratados como ‘coitadinhos’. Devem receber estímulos para estudar, tanto quanto os brancos da mesma classe social. Pobres sim. Esses merecem.
Quanto à fiscalização, simples: Que se contratem assistentes sociais sérios, que farão triagem séria, na casa dos candidatos. Cotas? Isso é jogar isonomia, meritocracia e qualquer valor democrático por água abaixo.
15/08/2009 at 00:37
O Racismo sempre foi exteriorizado no Brasil e a desigualdade material entre negros e brancos está aí para provar – se o Estado brasileiro for se basear nas reações de certos brancos para traçar políticas para resolver esse problema, os negros vão acabar voltando para a senzala.
14/08/2009 at 22:22
Parabéns, Leandro, pelo texto corajoso e pela descrição perfeita da hipocrisia que sempre predominou no debate desse tema em nosso país. Há em nosso país uma falta de compaixão pelos desassistidos, pelos negros sobretudo. Um preconceito dolorido. Tivemos nosso Lula, falta-nos um Mandela brasileiro, com a autoridade de impor essa agenda compensatório na agenda da República. Cedo ou tarde nossa sociedade vai ter que se convencer de que não há progresso social sem que ela assuma como problema essa assimetria de oportunidades e essa falta de respeito pelo negro. Não podemos nos acostumar com essa mentalidade racista, intolerante, que se indigna com as boas iniciativas para minimizar injustiças seculares que mancham a imagem de nossa sociedade. Concordo contigo, Leandro: somos racistas, desgraçadamente o somos.
14/08/2009 at 22:58
É meu amigo Mandela é meio exagerado. Você quer comparar as disputas raciais que os Sul Africanos tiveram com as nossas. Não chega nem aos pés. Lá eles sofrerão não só ideológicamente, mas até as moradias eram separados por lei entre brancos e negros. Vive com muitos negros em minha vida, e muitos foram meus melhores amigos, mas de ver preconceito contra eles. Só uma vez ou outra quando alguem soltava uma piada preconceituosa. E meus amigos negros mesmo diziam que não sofriam preconceito diariamente. Concordo que piadas preconceituosas são péssimas, mas todo mundo sofre com elas: loiras, negros, indios, chineses, gordos, altos, magros…
14/08/2009 at 23:05
É como eu já disse em um blog de um negrão, o Gabriel(que você deveria visitar, Leandro: o http://afroencias.blogspot.com):
Existe uma falsa ideia de democracia que faz com que muitos pensem que existe uma igualdade. Isso acontece quando nós negamos nossa história, nossos antepassados.
Acontece que a praga que outrora associava o negro à inferioridade hoje é outra: o negro está associado à violência, ao declínio social.
Só não vê quem não quer: menos de 3% dos negros nas universidades, uma participação minoritária nas altas classes sociais…..
Há um entrave muito forte para que o negro atinja o poder. E, a despeito dos que são contra as cotas, digo uma coisa: negros, têm aos montes. Mas eles infelizmente não compartilham da mesma regalia dos brancos.
E, quando o negro reivindica seus direitos, a causa é: as minorias se unem fortemente para causar mudar um sistema altamente segregacional. Isso é um fato sociológico.
Por isso, Leandro, assino embaixo: eu sou a favor das cotas para negros. E, como o Túlio citou: cotas para pobres também, através de rigorosas comprovações.
Obs: também escrevi sobre a relação do brasileiro com o negro. Se quiser conferir: http://atemporalizando.blogspot.com/2009/06/relacao-do-brasileiro-com-o-negro.html
Um abraço!
14/08/2009 at 23:22
É patente que todos os que são contra as cotas desconhecem a dívida social para com os negros, ou usam o argumento simplista veiculado na imprensa obesa de que as cotas é uma espécie de racismo. Imaginem só, que argumento mais imbecil, e tem quem saia por aí repercutindo. A imbecilidade não conhece limites. São os mesmos leitores daquele editor que escreveu um livro tentando provar que o Brasil não é um país racista.
14/08/2009 at 23:28
Chamando todo mundo de imbecil vai resolver muita coisa.
14/08/2009 at 23:37
Divida Social? E quanto aos descendentes dos abolicionistas?Será que eles precisam pagar por isso também.
14/08/2009 at 23:54
As vezes eu sou simplista demais, eu, particularmente, não acredito em raças, mas sei que o racismo é muito forte em nosso país. Sou a favor das cotas, mas me preocupa a forma como isso será aplicado, pois temo que isso seja utilizado inadequadamente (estou falando de corrupção). Desta forma, desde já, se vamos ter cotas, que estas sejam muito bem fiscalizadas, tanto pelos cotistas, como pelos não cotistas.
Excelente post.
15/08/2009 at 02:17
A dívida social para com os negros, como também para com os índios, deve ser cobrada da elite oligárquica que sempre desfrutou das benesses do poder. Não é o branco pobre e idiotizado que tem que pagar a conta. E é o que está acontecendo, pois as vagas reservadas aos cotistas são tiradas dos mais fracos, ou seja, dos brancos pobres. Os brancos de olhos azuis, ricos, permanecerão certamente com suas vagas. Alguém duvida?
15/08/2009 at 22:41
Por que os brancos pobres são os mais fracos se, mesmo pobres, ainda são menos pobres que os negros?
E cotas para negros não excluem cotas para pobres, independentemente da raça.
15/08/2009 at 04:04
Cronica redundante…
Brilhante, porém repetitiva.
O que se faz hediondo quando se introduz, qual parasita, no cotidiano absoluto ao qual de forma exacerbada e teimosa procuram dar uma conotação “relativa”, já plasmou-se de forma escancarada em nosso País.
Discutir sobre quotas quando reconhecidamente nossas universidades ao longo do tempo, vem formando cidadãos com capacidade irrisória e caricata (isso se fundamenta a qualquer tez), queda-se em contradito irreversível.
Alardear de modo profundo e rotundo a grande sacanagem promovida contra a parcela discriminada de nossa população não traz do conceito mor, qualquer alusão ao fato de se notar espargir pelos ares, quaisquer sinais de reação.
Tudo bobagem…
Os termos utilizados para acentuar as desventuras, que nós negros sofremos desde primórdios já se faz um não convite para ler o que foi editado.
Brilhante sua crônica, porém repetitiva, cabalmente gasta.
Nós negros já não nos sentimos de certo modo tão humilhados com relação a esse racismo idiotizado, que faz questão de habitar nosso País, pois que no hoje já compreendemos de forma bem mais clarejada a ignorância dos “ditos brancos”.
Nessas minhas andanças, muito já escutei sobre esse tema. Muitas juras de ajuda foram enfocadas e descritas, mas o fato é que na solidez do que é real em nossa terra, nada mudou.
Inclusive a “cara de pau” de muitos de se lançarem à temática da moda, de forma hipócrita e oportunista.
Negro Pobre, branco pobre…
Cotas…
Irrevelantes comentários, que não mudam em nada a situação do negro no País.
Não gosto de hipocrisia.
Deixem que os mortos enterrem os seus mortos.
Nós negros, já apredemos e muito.
Não se preocupem.
O que se faz passivel de discussão e de forma urgente é a melhora de capacitação dos nossos profissionais de educação, dos empreendedores de “novidades” sempre iguais, nos fundamentos do ensino.
O que falta realmente são profissionais gabaritados e vergonha na cara dos governantes para darem cabo ao que faz muito tempo, é prometido.
Que nós negros possamos ser respeitados pelas nossas crenças, nossa inteligência e nossa cabal igualdade genética em relação a amarelos, branquelos, vermelhos, etc.
Não nos interessa saber de cotas ou facilidades outras, interessa-nos isso sim, recebermos o que nos é de direito: um ensino decente.
Somente isso.
josemir tadeu
15/08/2009 at 22:42
“Nós negros”? Fale por você.
16/08/2009 at 07:34
Um dos grandes avanços da Comunidade Negra, reside justamente no uso, para nós relevante, de uma forma pronominal onde visamos de forma objetiva e direta, valorar os nossos direitos. Negro Tu, Nós Negros, são formas de nos mostrarmos mais coesos, mais unidos.
O falar por mim, seria um imenso contradito já que a matéria faz uma referência plural.
Negros, que sofreram na pele muitos e vários tipos de discriminação, aprendemos que não podemos apelar para adjetivos diminutivos, tais como coitadinhos, perseguidos, etc.etc.
Se as condições ainda permanecem altamente capciosas para uma maioria negra,conveniente torna-se explicar pra ti, que num esforço conjunto os negros estão buscando de formas múltiplas uma ascensão, seja ela intelectual, seja ela de senso comum.
Quando digo Nós negros, eu falo por todos aqueles que compreenderam a temática e têm pleno conhecimento de que ela existe de forma sórdida, mas que continuam a caminhar, que aprenderam a reinvidicar, que entenderam perfeitamente que podem manifestar-se de forma livre, amparados inclusive no que se constante da esfera juridica.
Se existe uma igualdade de relevância no julgamento de quesitos inerentes a seres de etnias diferentes, é óbvio que existe! Mas não é por isso, que vamos cimbrar nossos corpos, e nos definirmos “coitadinhos”.
Tenho 57 anos de idade, trabalho há 37 anos, e EXIJO para minha pessoa um tratamento igual, pois que se não houver obviamente eu não quedarei minha cabeça, ao contrário irei procurar os meus direitos, absolutamente igual aos de todos. Quando digo Nós Negros, estou fazendo referência à negros, que já não mais se submetem e sim exigem os seus direitos, baseando-me em negros Brasileiros geniais como um Milton Santos por exemplo, que tenho certeza, voce Carol, deve saber quem foi e o que representou mundialmente para o Brasil, contribuindo e em muito para a grandeza de Nós, Negros Brasileiros. Aprendi com outros de minha raça em reuniões e estudos constantes e coletivos, que temos condições plenas e QI suficientemente necessário para “vencermos através de nossos próprios passos”.
Tenho certeza, que muitos Negros utilizarão o pronome Nós, quando fizerem referencias à colocações importantes, que exigem de Nós, principalmente atitude.
Carol o seu nome?
Nós Negros o achamos bonito, principalmente quando utilizados pelos Americanos do Norte…
Obs: Caro amigo Leandro perdoe-me se em algum momento eu o ofendi ou fui mal educado com relação ao seu texto, muito inteligente e oportuno.
Eu simplesmente baseado no que voce procurou com sinceridade e franqueza demonstrar, emiti uma opinião.
Hoje nós já conseguimos captar a existencia de muitas outras questões oportunistas e hediondas, que se abrigam e se ocultam na temática de cotas e outros tantos temas que envolvem a negritude. Principalmente o oportunismo eleitoreiro de uma política sem eira nem beira, que passeia por esse nosso imenso País. Por esse motivo, a minha resposta.
Meus Parabéns e muito obrigado por tratar com coragem e franqueza sobre uma temática discutida aos sussurros pelas alcovas…
Um abraço e meu sincero pedido de desculpas.
josemir tadeu, RJ.
16/08/2009 at 13:23
fato é que sou negra e não me sinto representada por suas palavras, por isso o “fale por você”. não vejo as cotas como facilidade, nem direitos desiguais. cotas são idealmente uma solução temporária e não diminuem nem subestimam a inteligência de ninguém, desde que aplicadas como deveriam.
acho perigoso o “nós negros” no sentido que você usou justamente por isso: eu sou negra, você também e temos opiniões bem diferentes sobre as cotas, o que é bem representativo do que acontece na população como um todo. não há um consenso. para além da questão das cotas, acho perigoso falar por um grupo, forçando uma coesão que estã bem longe de existir.
e me desculpe se pareci rude, não foi essa a minha intenção.
15/08/2009 at 09:16
Caro Leandro. Desculpe-me, mas exemplo de “transação eleitoreira” é esse das cotas.
Dá-se início a “ações afirmativas” nas cores da fachada e preferencialmente próximas ao topo da pirâmide, que é mais fácil de restaurar e para onde todos olham de imediato? E a base dessa pirâmide educacional e sua estrutura há muito comprometida?
Parênteses: no Brasil, o termo “base” só é recorrido e exaustivamente citado por partidos devidamente “consolidados” e por seus respectivos componentes (sabidamente partidos) entre si, já confortavelmente eleitos e, portanto, distantes da plebe negra, branca, mulata, índia, cabocla… O que mais se ouve é “consulta as bases”, “diálogo com as bases”, “exame das bases”, “ouvir as bases” e todos os demais jargões profissionais-políticos pós-eleições, claro. Agora, as verdadeiras e originais bases das nossas muitas e diversas pirâmides a serem consultadas, reconstruídas, revistas, resgatadas, essas não interessam e dão muito trabalho, evidentemente. Fecha parênteses.
Em nosso já manjado contexto político tais “ações afirmativas” são apresentadas de forma confusa e proposital (portanto, eleitoreira) entre realidades sociais e realidades raciais no Brasil como mais uma das “virtudes” da nossa “política social moderna”. Realidades não excludentes entre si, mas a serem enfrentadas não de forma oportunista, mas na ordem de prioridades.
Servir vários sabores num único bolinho é mais rápido e mais rentável eleitoralmente para esse tipo de política “moderna”, principalmente quando se tem a certeza que tais bolinhos fazem sucesso e repercutem (fácil de constatar pela quantidade de comentários aqui postados sobre o seu artigo).
Não se tem dúvida que o racismo entre nós é uma realidade, mas toda a discussão sobre cotas é conseqüência dessa confusão proposital servida pelo atual governo “companheiro” e suas “ações afirmativas” (em minha opinião, “ações de impacto”).
Comenta-se e discorre-se sobre as novas cores da pracinha reformada e esquece-se do saneamento básico – mas isso, convenhamos, já é pedir demais, é subterrâneo, dá muito trabalho, é de longo prazo e não aparece para o eleitor. São “ações negativas” do ponto de vista eleitoreiro imediato.
É a “nova (velhaca) política” seguindo seu rumo e, pior, sempre fazendo muitas cabeças. Até quando? O tempo dirá.
15/08/2009 at 12:10
O Ronaldo é branco?
Branca, de escola pública da periferia do entorno, sou testemunha ocular de que o negro pobre está em desvantagem absoluta em relação aos outros pobres “multicoloridos/multiraciais” das classes mais baixas. E seria muita redundância explicar aqui os porquês.
As cotas tem propósito e prazo. Independente de qualquer caráter “eleitoreiro”, a transformação que ela vai provocar é gigantesca.
15/08/2009 at 12:31
Voce generaliza o brasileiro como racista. Então voce é preconceituoso.
Vai se criar um leviatã que daqui a 10 ou 20 anos nenhum outro politico vai ter cacife pra acabar por que vai ser taxado de “racista”, alias como voce já rotulou TODOS OS BRASILEIROS.
sobre a sua razão 1: não é apenas com negro que há uma “divida”, é com pobre, discrimina se branco pobre, amarelo pobre, indígena pobre, etc… E leia bem por que eu não me sinto em divida com ninguem, pago meus impostos direitinho.
sobre a razão 2: quem disse que não dá pra fraudar cota pra negro? basta o cidadão não-branco se identificar como negro ou pardo, ou sei lá que cor. Dai tem se a questão da auto afirmação e um comissão julga se o cara tem ou não direito a cota, como a Unb faz. Aparece então casos para distorções como a que se segue. Cria se no fim mais injustiça.
Mas gente tem gente que defende esse tipo de politica por questão da ‘justiça social´, vale tudo por causa disso, ate MENSALÂO, corrupção, etc…
Pensam de forma imeditsta, sem considerar aspectos como impactos de longo prazo, ou em outros…
http://dialogospoliticos.wordpress.com/2009/04/14/estudante-vai-a-justica-apos-perder-vaga-de-cota-para-negros-em-universidade/
16/08/2009 at 22:18
Excelente argumento, Pedro.
É absurda a hipocrisia que existe nesse assunto. Todo mundo sabe que existe racismo no Brasil, mas não podemos generalizar.
Existem medidas de curto prazo, como esta, obviamente apoiada por partidos políticos para conquistar votos.
Ora, se a questão em pauta é educação, nada melhor que ir se solidificando pela base, melhorando o ensino primário, ensino médio, proporcionando oportunidade a todos, independente de raça, camada social. Duvido que ir ter tanto debate e reclamações contra esse tipo de medida, mas quem enxerga a cota como solução fica preso nessa meia-solução que não adianta nada.
Mas, se então é para dar cotas, antes dos negros, comecemos então por que tem mais direitos ainda. Os índios! E, que se tenha provar que você não teria condições de pagar uma faculdade, pois é um absurdo alguém que tem condições ser privilegiado enquanto vários estão ralando para passar no vestibular.
O engraçado é que essas cotas abrem brechas que não podem ser resolvidas como o caso desta estudante que não é considerada negra porque não sofreu preconceitos mas que claramente tem afro-descendência, pele parda e a menor condição de pagar uma faculdade. E aí, nessa caso a lei furo, não é?
15/08/2009 at 12:32
O que mais me impressiona é a quantidade de gente que mal consegue disfarçar o racismo e são leitores de seu blog, elo tapa na cara deles Leandro, ainda assim muitos fingem que não leram o texto ou simplesmente continuam tentando argumentar.
Te digo uma coisa, estudo na UFBA e a desigualde continua, muito mais brancos que negros, e segundo o Reitor a entrada dos cotistas AUMENTOU a média dos cursos, talvez esse seja o verdadeiro medo dos anti-cotistas, eles não querem concorrência.
15/08/2009 at 12:55
Otimo post!
O mais hilario de tudo isso é q as pessoas agora não sabem “como classificar quem é negro quem é branco, porque somos mestiços”
Não q isso, não somos racistas…
15/08/2009 at 15:08
Este negócio de reparação histórica é justiça do olho por olho dente por dente já superada a mais de 2 mil anos pela humanidade. Isto é balela.
Gente que pensa desse jeito não é melhor que o pior tipo de racista que existe por aí. É tudo igual.
Hoje a luta é pela justiça proporcional, tratar desigualmente os desiguais na medida de sua desigualdade.
Esta é segura, atende quem realmente necessita e não alcança quem não precisa.
A defesa de cotas só para os negros é tipica de quem defende que se a farinha é pouca o meu pirão primeiro. É repugnantemente egoísta.
As políticas públicas são para os vivos e é nossa responsabilidade alcançar todos que precisam.
Quem quer um brasil bom para todos não exclui, INCLUI.
O leandro certamente é traumatizado por uma experiência racista na sua vida e não conseguiu superar. Talvez isso justifique a sua opção.
Eu também tive, mas superei e venci.
Melhor mesmo é que ele fizesse uma terapia
15/08/2009 at 15:25
Cotas para pobre acho mais justo. Afinal, é bem mais fácil identificar – com menor margem de erro – quem é pobre, do quem é negro, considerando-se que o Brasil é um país de povo miscigenado.
Parabéns pela polêmica novamente acesa, sobre tema ainda tão importante.
Abraços.
15/08/2009 at 16:13
Ah como se enaltece uma boa hipocrisia! Como soa bem aos ouvidos dos apáticos e carentes de ideologia pujante; e como é agradável aos olhos dos míopes de realidade não é mesmo?!
– O que deu em ti Leandro Fortes, cansou da realidade social estanque que nos persegue há séculos e décadas e que persistirá por longos anos?
– Essa tua afirmação é pueril e dispersa, cotas raciais seja para pardos ou negros só reafirma e atenua ainda mais o preconceito racial e social, pois – a negritude na maioria dos casos sempre vem acompanhada de uma instabilidade social decadente, você só citou a calda da baleia e jogou ao Leo as outras variáveis.
– Pobres negros ou afro-descendentes ou afro-brasileiros, quem sabe ao certo do que chamá-los, vitimados por um sistema-esquema-social montado para mal amanhá-losm mostra que, apenas uma vaguinha na Universidade resolverá a repulsa social brasileira contra o POVO afro? Vale lembrar que grande maioria da sociedade na qual citei, é composta por negros e negras.
– Enquanto vários de seus leitores reverenciam algo já descoberto há tempos, alguns negros e pobres recém-formados recebem um NÃO na entrevista de emprego, e outros tantos são vitimas de racismo, ora chamar Afrodescendente de negro, virou racismo ‘cruel’.
Reflitam sobre: apenas uma reafirmação do quanto o povo brasileiro é racista resolverá o problema?
30/08/2009 at 21:20
‘eu mesmo’, você tem que aprender a colocar as vírgulas nos lugares certos. aprender a escrever, literalmente — sôou meio infame, mas ok.
http://www.olavodecarvalho.org/semana/freyreusp.htm texto fundamental pra ilustrar a onda torta do galerê com a estratificação negra.
15/08/2009 at 16:14
PHA,
Parabéns Leandro. Você é, antes de tudo, um Fortes.
Irretorquível constatação.
Fraternos abraços
15/08/2009 at 17:21
Eu concordo com as cotas, mas acho que vc foi muito infeliz quando coloca o rebaixamento cultural como algo racista. Isto foi um absurdo
Minha irmã é de esquerda, professora universitária de federal, não tem nada de racista e é contra as contas exatamente por este rebaixamento cultural. Ela comenta que o nível das pessoas que acessam a universidade federal, já extremamente baixo, já se entra para a universidade alunos que não sabem somar fração, não entendem uma fração do todo. Imagina se entra um aluno, com nota pior do que este que não sabe nem somar fração???
Eu discordo dela, eu considero e daí??? Acho que sim vai entrar pior, mas pior do já está não vai ficar!!! As universidades têm que se correr atrás dessas deficiências com ou sem as cotas, com as cotas no máximo vai se ter mais trabalho!!! Eu estudei no Rio de Janeiro em um pré-vestibular em 84 do qual dos 40 sós dois eram negros. A menina negra foi apelidada de galinha preta em inglês, sem ter feito nada contra a turma!!! Este é o resgate, é uma tentativa de realmente se misturar um pouco!!!
Resgatou-se até o orgulho negro!!! O numero de pessoa se afirmando como negros aumentaram tremendamente!!!
Acho que as ponderações delas está muito longe de qualquer racismo, apesar de não concordar com elas!!!
15/08/2009 at 19:06
O tema racismo é realmente um dos mais polêmicos e delicados, especialmente no Brasil, um país tipicamente multiracial.
Primeiramente, devemos nos ater a enfrentar o problema, buscando soluções justas e viáveis para reduzir qualquer tipo de preconceito.
É inegável que nas últimas décadas houve significativa evolução, mas há muito ainda o que fazer.
A questão das cotas nas universidades públicas é outro ponto polêmico, pois se não resolve o problema da inclusão social, pelo menos é uma iniciativa. Na verdade é um paliativo, pois o ideal é resgatar o nível do ensino público que outrora foi de ótima qualidade. Só que para isso deverá haver um projeto social e político de longo prazo.
15/08/2009 at 23:33
Sou negro, e acho que a cota para negros é mais uma forma de racismo, um racismo eufemisado, um jeito chique e sofisticado de dizer “que pena, devemos algo aos negros”, e pum! Várias cotas de mão beijada.
Batalhei, estudei em escola pública e me formei, e não arrancou pedaço estudar por conta… Se a solução contra o racismo é a miscigenação a qualquer custo, parabenizem primeiramente a Academia Brasileira de Letras, que tem um mestiço como presidente perpétuo, e nunca favoreceu nem desmereceu escritores pela raça.
Cotas devem ser dadas a alunos de escolas públicas que se sobressaem no Enem, ProUni e afins. Inteligência nunca será interferida pela raça.
15/08/2009 at 23:35
Brasil é um país de absurdos, o Brasil é um país racista! Mas o povo prefere tapar o sol com a peneira a encarar a realidade
O negro é racista consigo mesmo, bem mostrou o vídeo. Eu já tive vergonha de mim mesma por ser negra, pois sempre quis ter o cabelo liso por natureza – tanto que destrui meu cabelo, até deixá-lo como está hoje, um black power lindo, que exibo com todo orgulho rsrsrsr.
Infelizmente, não é fácil ser negro no Brasil. E confesso que apesar de ser negra, eu sou totalmente contra as cotas, pois acho que é só mais uma forma de desvalorizaçao, já que vai sempre haver o pensamento de que, independente da classe social, independente de ter estudadi ou não nas melhores escolas, o negro só chegou na faculdade através da cota.
16/08/2009 at 02:53
Leandro,
Quando iniciei a leitura do teu texto, logo pensei que irias conseguir me fazer concordar com as cotas raciais. Ao terminar de ler, disse: não foi dessa vez. Talvez seja devido à realidade de onde moro, pois vejo que brancos, assim como negros, são minorias na Universidade Federal daqui. A realidade é que a grande maioria é cabocla, ou “cabôco”, como nós falamos aqui no norte. São pessoas da Amazônia. Algumas com características mais fortes da região e outros menos. Além disso, um projeto de cursinho público, existente há 11 anos, é responsável todos os anos pela aprovação de mais de 50 % dos calouros da Universidade. Quase todos eles são de escola pública.
O que estou tentando mostrar é que a Universidade Federal daqui reflete perfeitamente a realidade étnica da população local, por esse motivo não entendo a adoção de cotas raciais. Para acrescentar mais no debate, cito um ocorrido comigo na 6ª série:
Estudando em escola pública, certa vez interromperam a aula para que os alunos preenchessem uma espécie de senso. Quando nós tivemos que declarar a nossa cor/raça, ficamos em um tremendo embaraço, pois não achávamos que encaixaríamos perfeitamente em nenhuma das opções. Na ocasião, eu e um amigo não marcamos nenhuma das alternativas.
03/09/2009 at 15:25
vlw, renan gustavo. tá aí o exemplo óbvio da pouca — ou da supressão da — discussão sobre a política de cotas anterior à implementação da política. o relato do renan mostra o fator *delirante* na aplicação de uma política universalizante dessas. valeria até lembrar a crítica mais comum que se faz ao gilberto freyre, não é?, aquele troço de pernambuco ser entendido por ele como o brasil inteiro . . .
03/09/2009 at 15:27
perdão, corrijo-me: o troço dele entender o brasil como um grande pernambuco.
16/08/2009 at 11:58
Eu fiquei confusa com uma coisa ao ler os comentários, se alguém souber me responder agradecerei muito.
Pelo que eu saiba (ou sabia/achava) as cotas para negros surgiram depois das cotas para alunos de escolas municipais ou pobres, segundo alguns acreditam.
Primeiro teriam feito uma lei (acho que em 2000/2001)em que as universidades reservariam 50% das vagas de todos os cursos para pessoas que tivesem estudo em escola pública até o segundo grau, ou só o segundo grau, não tenho certeza.
Depois, em 2004, se não me engano, ficou determinado que dentro desses 50% destinados aos alunos de escolas públicas, a prioridade fosse negros, índios e depois brancos.
Não foi isso que aconteceu?
Alunos de escola pública não tem reserva?
Pessoas negras que estudaram em escolas particulares toda a vida terão direito a uma vaga por ser negro?
Eu achava que tinha que ser negro e ter estudado em escola pública.
Ficarei grata se alguém souber me responder, pois fiquei confusa.
Ps. gostei muito do texto, e sou a favor das cotas também.
16/08/2009 at 13:26
Sei que na Unicamp, as duas cotas são combinadas, em forma de pontuação extra. Negro que estudou em escola particular não tem direito à pontuação.
16/08/2009 at 14:05
Eu já li, em algum lugar, que o sistema de cotas da Unicamp é o melhor de todos por causa do sistema de pontuação extra. Acho que possui semelhanças com “provas de títulos” de alguns concursos.
16/08/2009 at 17:10
Acho que as cotas para pobres e negros são extremamente válidas. É uma iniciativa emergencial e paliativa, é verdade, mas é a alternativa para a realidade brasileira, pelo menos enquanto o ensino médio de qualidade se restingir àqueles que podem pagar caro por ele. Se é certo que muitos dos pobres são negros, é certo também que a simples ascensão social desses pobres e negros não garante uma redução da discriminação social. Estamos no século XXI, mas o que se vê, quando um negro participa da elite, é um sentimento de desconforto, como se fosse uma excentricidade, uma coisa diferente. Será que as famílias bem sucedidas financeiramente gostariam de casar seus filhos brancos com negros, mesmo que sejam também ricos? Se pudesse optar, entre um pretendente branco e outro negro, será que escolheriam o último? Então, o preconceito contra os negros parece incipiente no Brasil do século XXI. É como se um negro da senzala se atrevesse a invadir o “palácio social” do senhor de engenho, ao cursar uma universidade federal. E como acabar com isso? Concedendo oportunidades preferenciais aos negros. Não se trata de empobrecer o ensino superior. Se os negros não conseguem uma posição de destaque na nossa sociedade, é porque não dispõem da oportunidade gozada pelos brancos. Trata-se de oferecer aos negros as mesmas condições de ensino oferecida aos brancos. As cotas para os negros são uma verdadeira medida de cidadania, de efetiva inserção social. Aliás, já se referindo à efetividade, mais do que discutir as prováveis fraudes aos sistema, é imperioso exercer pressão sobre quem detém o poder de implementar essas cotas. Só quem sabe dessa urgência é quem está sofrendo as consequencias. Nós, aqui, na internet, dentro de casas confortáveis, com todas as oportunidades à nossa disposição, não damos conta disso.
17/08/2009 at 06:00
Carol (a Negra que não admite estar ciente de que nossas respostas como uma parcela enorme inserida estatisca de forma REAL em nosso Pais), não existm polemica entre que afirmo e convicção de tuas filosofias, mesmo porque devemos lutar sempre para não nos deixarmos ser açambarcados pela imensa tendência do polemizar, sendo Nós Negros.
Não sou contra cotas ou utros “favorecimentos” pertinentes à obtenção de benefícios para uma grande maioria, seja ela de qualquer tez, abomino com ojeriza essa forma de “favores”, a nós prestada, não precisamos disso.
Eu somente afirmo que NÓS NEGROS, temos cabal e plena condições de estabelecermos o nosso norte respaldados pela nossa inteligência, pelo nosso avanço histórico cultural e moral.
Não sou contra ao que voce é a favor, e muito menos vou criticar sua postura, sua opinião, pois que a inteligencia dos Negros, que têm que se obrigam a ler, estudar, tomar conhecimento dos fatos e dos acontecimentos, permite que obviamente tenhamos opiniões adversas, o que não é nosso caso, a maioria de Nós os Negros já sabe de nossa capacidade indenpendente desses engodos criados.
Apenas isso.
A vida ensina e muito, procure obras de negros Brasileiros livres e conscientes e voce constatará o que eu digo, eles TORNARAM-SE BRILHANTES E CONSCIOS, numa época em que nossos costumes estavam sendo vilipendiados e macerados, numa escala gigantescamente maior do que a de agora.
Eu prefiro sempre estar ao lado desses NEGROS, que sabem de sua capacidade. Espero que voce também tome essa atitude e valorize a raça, ao invés de enaltecer medidas pernósticas e paliativas, olhe a questão como um TODO e certamente quando no cime de seu mirante pensante, compreenderá o porquê da necessidade de sermos Nós Negros e não Eu Negro, arraigada numa filosofia individualista, que suporta e permitiu inclusive hediondas e servis “negociatas”.
josemir tadeu
17/08/2009 at 09:03
Caro Leandro,
fazer ciência social exige um pouco mais do que bom senso, observações anedóticas da realidade e princípios nobres. Seu texto traz conclusões baseadas em hipóteses NÃO testadas e mais uma vez tem forte viés pró-governo – o que não é necessariamente ruim, mas, no seu caso, viesa o texto já na largada.
Se vc tivesse se dado ao trabalho mínimo de fazer uma pesquisa perceberia que o IPEA de FHC já havia feito uma discussão muito bem estruturada sobre o tema, e concluindo que as cotas raciais eram um sistema interessante (eu podia te passar o link do texto do IPEA, mas acho q vc tem que fazer mais do que escrever textos repletos de adjetivos e cheios de pretensão).
Mais ainda, se vc tb tivesse se dado ao trabalho de observar a discussão no âmbito dos cientistas sociais, economistas, etc veria que não existe padrão que coloque, por exemplo, a PUC-RJ e a FGV-RJ em oposição clara à UFRJ e UNICAMP.
A discussão é longa mas, por enquanto é isso.
Um abraço.
17/08/2009 at 12:50
Parabéns Leandro. Lúcido e esclarecedor artigo para quem tem olhos abertos para ver o Brasil real e não o dos preconceituosos acadêmicos, IPEAs, etc, onde se discute, mas não se chega a lugar nenhum porque a verdade é a que você mostrou:ninguém quer negro na universidade. Incomoda. Pobre branco,tudo bem. Eu estudei em universidade pública e por lá tinha muita classe média rica e alguns pobres brancos. Negros eram raros. Tem alguns negros ricos? Tem e daí? Não é a média. Cotas são para a média de negros e pobres que saíram da escola pública. Por isso, defendo. São necessárias para abrir oportunidades iguais aos negros pobres. Se eles tivessem oportunidades iguais, não teríamos apenas um negro no Senado, um negro no STF, só um negro deputado, nenhum governador negro e por aí vai. Apontem altos cargos ocupados por negros e aí dá para começar a conversar. O resto é preconceito. A resistência das universidades ao sistema de cotas é bizarra, por ser racista. Hoje, públicas e privadas, copiam e imitam tudo das universidades dos Estados Unidos, onde boa parte de seus professores fez seus doutorados, mas nenhum deles fala sobre como o sistema de cotas naquele país abriu espaço para os mexicanos entrarem nas universidades, até então inacessíveis para eles, por racismo, como o são para os negros brasileiros. Todo apoio às cotas!
17/08/2009 at 17:37
Branca,
o IPEA (da era FHC) DEFENDEU o sistema de cotas raciais. A diferença é que ele usou um pouco de MÉTODO de pesquisa. A metodologia do Fortes foram evidências anedóticas e passionais. Você realmente não conhece o trabalho do IPEA. Uma pena.
É realmente preocupante que alguém defenda a implantação de políticas públicas – que envolvem recursos escassos da sociedade – baseado em uma avaliação como a feita neste post. Defender que dar cota para negros ricos é resgate de dívida escravagista é não ter a menor ideia de como os recursos da sociedade são escassos, e portanto custam muito caro para ela.
17/08/2009 at 14:07
Leandro, tenho algo vital para acrescentar: um segundo ponto final.
17/08/2009 at 14:39
Caro Leandro Fortes,
Parabéns pelo post e por se colocar de maneira clara e objetiva em relação a essa tema importantíssimo e polêmico.
A priori, não sou a favor de nenhum tipo de cotas como medida única. Aceita-las sem exigir do governo que revolucione o ensino médio e fundamental é concordar com uma medida populista que precisará ser usada para sempre. É preciso que a escola pública seja de qualidade e que dê condições para que os alunos de qualquer cor (ou raça, se preferir) disputem de forma igual com os aluno da escola privada uma vaga na universidade. Porém, essa não é uma medida a curto prazo, então, seria possível aceitar o sistema de cotas como uma medida emergencial.
Entretanto, não sou a favor de cotas para negros. E sim para pobres. Existe um equívoco no seu texto quando você diz que um filhinho de papai não se sujeitaria a passar por negro. Muitas pessoas estão usando o sistema de auto declaração para se aproveitar das baixíssimas médias que a seleção feita por cotas tem. É lamentável, mas é verdade.
Eu nasci em comunidade carente. Sou (fenotipamente) branco e estudei em escolas públicas que tinham brancos e negros pobres, além de (poucos, mas existiam) brancos e negros de classe média e alta. Acho muito injusto com a fração de brancos pobres que terão a sua disputa por uma vaga na universidade ainda mais difícil. Sem falar de quem realmente é negro, ou mulato, mas não é pobre.
Um outro problemas: Todos nós sabemos, se assistimos aquela aula das ervilhas de Mendel no ensino médio, que a manifestação da cor pela nossa pele é uma questão probabilística. Eu poderia dizer, já levando em consideração o sistema de cotas que privilegia somente para os negros, que nasci com a cor errada. Dei azar! Pois, tenho ascendentes negros.
Historicamente, sabemos que nem todos os negros na época da escravidão eram escravos, e que os que hoje tem a pele negra podem ser descendentes destes, ou de outros negros que não viveram aqui nos séculos XVII, XVIII e XIX. E por sua vez, os que aqui são brancos podem descender de outros povos que não escravisavam os negros daquela época.
Não sou desses que acha que não existe racismo. Existe sim. Está impregnado em todos que vivem nessa sociedade, porém, analisando racionalmente a questão, a cota para negros produz injustiças. E tenho certeza que os que defendem essas cotas, em nome de injustiças cometidas outrora, não querem isso.
Um abraço e desculpe por me estender muito.
17/08/2009 at 16:53
Leandro, vir aqui é sempre um prazer pelos ótimos textos que encontro. E é raro comentar porque sempre tenho pouco (ou quase nada a acrescentar).
Desta vez, no entanto, venho para discordar. Em primeiro lugar, que o racismo, embora arraigado entre nós, pode ser facilmente engavetado em prol de outro aspecto ainda mais enraizado entre nós: a lei do menor esforço. Ao contrário de você, eu aposto sem medo de errar que se um fulano quiser entrar na faculdade com maior facilidade, ele diz que é negro sem titubear, mesmo que seja totalmente branco, loiro de olhos claros e sem nenhum antepassado de cor negra. E mesmo que seja racista. Sei disso porque já vi muita gente utilizando esse argumento para disputar vaga das cotas, mesmo tenho pele muito alva.
Em segundo lugar, não nego que há uma dívida da sociedade com os negros, mas criar cotas é criar novas injustiças. Muito mais amenas, é verdade, mas nem por isso aceitáveis.
Estudei em uma universidade que era um verdadeiro laboratório sociológico. O campus possuía três univesidades: a de engenharia só tinha brancos e amarelos, enquanto a de comunicação era cheia de negros, porque tinha gente que não conseguiu entrar na USP e não tinha condições de pagar uma universidade particular, seja ela qual for. E o que presenciei me bastou para ver que as cotas são uma saída muito mais simplista do que os argumentos de quem a ela se opõem.
Aliás, é praxe no Brasil criar uma lei que facilite as coisas para as administrações públicas, sem se importar com a praticidade ou a justiça dessa mesma lei.
17/08/2009 at 18:31
Negros ou pobres? Eis a questão.
As vezes sinto saudades de personalidades como Martin Luther King. Ou de outros livres pensadores. Como escolher entre negros e pobres, se entre os negros existem pobres e entre os pobres, negros? Como definir prioridades quando essas estão pendentes entre duas maiorias de nossa sociedade. E quando digo maioria, sigo arrisca minhas palavras.
Li alguém comentar que negros são poucos no Brasil, que a maioria é mestiço. Deixe-me lembrar que apenas no Brasil, existe o termo pardo, nos Estados Unidos, negro é negro, independente se mais ou menos claro. Eu de cabelo duro, nariz grande, sou considerado pardo!
Caros, o nosso maior problema não é que a escravidão nos causou um atraso cultural ou intelectual, na verdade o nosso atraso deve-se ao precário ensino que nos é dado.
Sempre, e sempre deveremos ser a favor do pensamento coletivo, imaginem…
Moro próximo a uma comunidade pobre, dentro dessa moram negros, brancos, paulistas, nordestinos… Imaginem, que tanto o pobre negro quanto o pobre branco tem as mesmas dificuldades, o mesmo atraso cultural. Então, por que o pobre negro tem mais direito de cursar a faculdade que o pobre branco, se ambos, moram em barracos, a beira de esgotos a céu aberto, comendo o mesmo pão de cada dia?
Diremos nós, que a cor pesa mais que o ser humano?
Faremos nós, o que fizeram conosco e nossos ancestrais?
Ou cobraremos do governo que disponibilize ensino de qualidade, para brancos e negros, pobres, a tal ponto destes estarem prontos de competir de igual com os filhos da elite brasileira.
Trago a tona nada de novo, apenas uma velha questão já abordada pelo grande líder negro, Martin… E ainda continuo sonhado, assim como ele sonhava, brancos e negros juntos e não mais separados, direitos iguais para todos. Ensino para todos, faculdades públicas para todos os negros e brancos pobres do Brasil. Se existirem cotas, que essas sejam dadas a todos aqueles que nascem, crescem e morrem em favelas. E quanto a fiscalização? Perdoe-me, aqui nesse país, só não se consegue por que “eles” não querem.
17/08/2009 at 18:43
Muito bom, Velho Marujo.
Sabemos como os negros sofreram, mas sabemos como quem não tem condições sofre. Acho que todos que não tem condições de pagar, com forte comprovação de renda e visita domiciliar, devem receber benefícios.
Se não fosse esse benefício da FUMP dada a alguns alunos carentes da UFMG não sei o que seria deles, pois não teriam dinheiro nem para almoçar lá.
Fico realmente triste em alguém querendo novamente dividir as pessoas em raças e criar camadas de favorecimento ao invés de lutar por um educação melhor.
É simples. Educação tem que ser boa, para todos. Ponto final.
17/08/2009 at 21:32
Perfeito Leandro. Perfeito. É por aí mesmo. O Brasil precisa pagar esta dívida. precisa aprender a ser honrado minimamente com o seu povo.
18/08/2009 at 03:22
“O fato é que somos um país cheio de racistas.” Verdade, apesar das sofismas de Ali Kamel. Sou estrangeiro (EUA) e nunca conheci tanta gente que lembrava os sulistas da epoca de Jim Crow. Sou em favor de “cotas para pobres” la em casa, mais isso porque temos condições de administra-las apropriadamente.
18/08/2009 at 03:36
Sou negro e ainda não me decidi sobre o sistema de cotas, achei o artigo sensacional sobre o tema, um dos melhores que ja vi, mas tambem vi alguns comentários aqui muito sensatos, e outros apenas como a voz de pequena e ignorante elite branca (as vezes nem tão branca) brasileira, concordo que o ideal seria uma reforma séria no sistema de educação por completo, porém em 8 anos não se faz uma mudança séria na educação, nem em 20, ainda mais se você tiver a “opinião pública” contra esta mudança, portanto esta medida provisória passa a ter uma importância muito maior, e serve de base e exemplo para a mudança maior, que ja está sendo orquestrada pelo 1º presidente democrático e sem rabo preso com a família marinho que nosso país ja viu, portanto vejo com otimismo as mudanças e só posso trabalhar todos os dias para que o zé pilantra fique longe longe de Brasília.
Abraço a todos obrigado pelos argumentos.
18/08/2009 at 11:02
Concordo com o texto de Leandro Fortes, mas, por favor, que critério simplista foi aquele sobre estudantes de escola pública serem todos pobres?
18/08/2009 at 17:01
O PNAD dividiu em seis os extratos ocupacionais contendo em cada, trabalhadores de todas as matizes, RESSALTE-SE que em cada grupo ocupacional, seus integrantes tem a mesma formação, o mesmo número de anos de estudos, as mesmas deficiências e etc. Apenas o que diferencia dentro de cada grupo é a cor e o salário.
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Grupo ocupacional nº 01
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Estrato denominado baixo inferior composto por trabalhadores rurais não-qualificados com as seguintes ocupações: Produtores agropecuários autônomos, trabalhadores da agropecuária e pescadores.
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Grupo ocupacional nº 02
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Estrato denominado baixo superior composto por trabalhadores urbanos não qualificados com as seguintes ocupações: Comerciantes por conta própria; vigia; serventes; trabalhadores braçais sem especificação; vendedores ambulantes; empregadas domésticas.
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Grupo ocupacional nº 03
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Estrato denominado médio inferior composto por trabalhadores qualificados e semi-qualificados com as seguintes ocupações: motoristas, pedreiros, mecânicos de veículos; marceneiros; carpinteiros; pintores e caiadores; soldadores; eletricistas de instalações.
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Grupo ocupacional nº 04
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Estrato denominado médio médio composto por trabalhadores não manuais, profissionais de nível baixo e pequenos proprietários com as seguintes ocupações: pequenos proprietários na agricultura; administradores e gerentes na agropecuária; auxiliares administrativos e de escritório; reparadores de equipamentos pracistas e viajantes comerciais; praças das forças armadas.
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Grupo ocupacional nº 05
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Estrato denominado médio superior composto por trabalhadores de níveo médio e médio proprietários com as seguintes ocupações: criadores de gado bovino; diretores, assessores e chefes no serviço público; administradores e gerentes na indústria e no comércio; chefes e encarregados de seção; representantes comerciais.
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Grupo ocupacional nº 06
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Estrato denominado alto composto por profissionais de nível superior e grandes proprietários com as seguintes ocupações: Empresários na indústria; administradores e gerentes de empresas financeiras, imobiliárias e securitárias; engenheiros; médicos; contadores; professores de ensino superior; advogados; oficiais da Forças Armadas.
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MÉDIA DE RENDIMENTOS PELO ESTRATO OCUPACIONAL(Aqui é um tapa na cara para quem diz que nosso problema é de classe. E quem diz isso? Ecos do passado, ecos do século XIX e seus cooptados)
Vamos aos rendimentos? Vamos:
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Grupo ocupacional nº 01(média de rendimentos)
Branco: 315,96
Preto: 158,12
Pardo: 182,06
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Grupo ocupacional nº 02(média de rendimentos)
Branco: 577,88
Preto: 311,75
Pardo: 350,09
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Grupo ocupacional nº 03(média de rendimentos)
Branco: 644,88
Preto: 464,99
Pardo: 458,49
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Grupo ocupacional nº 04(média de rendimentos)
Branco: 1.246,94
Preto: 717,05
Pardo: 775,80
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Grupo ocupacional nº 05(média de rendimentos)
Branco: 1.877,23
Preto: 987,32
Pardo: 1.039,20
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Grupo ocupacional nº 06(média de rendimentos)
Branco: 2.919,93
Preto: 1.805,16
Pardo: 1.940,11
18/08/2009 at 17:07
e peço aos anti-cotas que estão sofrendo com a idéia de terem uma nova concorrência no futuro por favor não queiram desviar o foco. O Leandro diz que é a favor de cotas exclusivamente para negros, mas ele não está pedindo para acabar com as cotas para brancos pobres que já existem em todas as universidades públicas que já adotam o sistema de cotas ok?
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É PESSOAL que aqui aparece, já existem cotas para brancos, negros e indios. Entenderam ou quer que eu desenhe?
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O primeiro critério é vir de escola pública e depois divide pela cor dentro da porcentagem. Um número fixo para indígenas e pronto. Muitos anticotas estão acometidos da doença a seguir descrita:
“Glass Ceiling” é a expressão utilizada pelos norte-americanos para designar as barreiras artificiais e invisíveis que obstaculizam o acesso de negros e mulheres qualificados a posições de poder e prestígio, limitando-lhes o crescimento e o progresso individual.
O reconhecimento oficial da existência desses obstáculos artificiais se deu por ocasião da promulgação pelo Congresso do Civil Rights Act
de 1991, que criou a “Glass Ceiling Commission”, um órgão consultivo de natureza colegiada, composto por 21 membros nomeados pelo Presidente da República e por líderes do Congresso, com a incumbência de identificar as barreiras invisíveis e propor medidas hábeis a criar oportunidades de acesso de minorias a posições de mando e prestígio na órbita econômica privada. A referida Comissão
constatou que, apesar dos avanços obtidos graças ao movimento dos direitos civis, no ano de 1995, 97% dos cargos executivos superiores das 1000 maiores empresas relacionadas pela revista Fortune eram ocupados por pessoas brancas e do sexo masculino. Vale dizer, um índice injustificável sob qualquer critério, haja vista que 57% da força de trabalho americana compõe-se de representantes do sexo feminino ou de minorias, ou de ambos. V. Rosana Heringer, op. cit. 14″
19/08/2009 at 11:14
Política públicas têm q levar em conta q os recursos da sociedade são escassos. Logo, devem possuir uma camada de pragmatismo e de critérios que avaliem as outras alternativas – para q se evite de fazer o mal querendo fazer o bem (algo muito caro a nossos humanistas). Assim, se a opção for por cotas – extremamente defensáveis – para negros, que um negro rico não tire a vaga de um negro pobre. Lembre q cota, por definição, é algo escasso.
19/08/2009 at 13:30
mais detalhes:
http://www.afropress.com/noticiasLer.asp?id=1970
Carrefour diz ter interesse em apuração de violência racista
Por: Redação – Fonte: Afropress – 19/8/2009
S. Paulo – O Supermercado Carrefour afirmou nesta terça-feira (18/08), em Nota à Imprensa, que pretende colaborar nas investigações para identificar os responsáveis pela sessão de espancamentos a que foi submetido o funcionário da Universidade de S. Paulo (USP), Januário Alves de Santana, 39 anos, barbaramente agredido por seguranças na loja do hipermercado da Avenida dos Autonomistas, em Osasco, na noite do dia 07 de agosto, sexta-feira. O funcionário da USP foi tomado como suspeito do roubo do seu próprio carro – um EcoSport da Ford.
Após um alarme falso de assalto, os seguranças e, posteriormente, policiais militares que atenderam a ocorrência não acreditaram que Santana pudesse ser dono do carro, por ser negro e de aparência humilde. Enquanto era espancado, sua mulher, em companhia de um filho de cinco anos, a irmã e um cunhado faziam compras sem saber do que ocorria. (Na foto, Santana, quando era atendido no Hospital Universitário da USP).
Suspeição permanente
O EcoSport da Ford foi comprado há dois anos em 72 parcelas de R$ 789,00, e vem sendo pago regularmente. Santana contou que já foi abordado outras vezes, sob a suspeita de que o veículo não lhe pertenceria. No momento em que foi atacado estava no estacionamento porque combinara ficar tomando conta da filha de dois anos que dormia no banco traseiro.
“O Carrefour tem todo interesse que o ocorrido no dia 07 de agosto, em sua loja situada na Avenida dos Autonomistas, Osasco, seja inteiramente esclarecido e os responsáveis devidamente punidos. A empresa reafirma o seu compromisso com o respeito e a segurança de clientes e funcionários em suas unidades em todo o país”, diz a Nota que é assinada pela empresa que presta serviços de de Assessoria de Comunicação ao hipermercado – a A4 Comunicação.
Anteriormente, questionado pelo Sindicato dos Funcionários da USP, o hipermercado teria dito que tudo não passara de uma briga entre clientes.
Milagre
Nesta terça-feira, o funcionário da USP reiterou ter ficado evidente pela atitude dos seguranças – em especial o que sacou a rama e com quem entrou em luta corporal – que o mesmo pretendia disparar contra sua cabeça. “Em vários momentos, eu tive que fazer força para que o revólver não ficasse na direção da minha cabeça”, afirmou Santana nesta terça-feira (18/08) ao contar à Afropress como está se refazendo do trauma sofrido.
“Eu só conseguia dizer que o carro era meu. Eles diziam. Cala a boca seu neguinho. Se não calar a boca, vou te quebrar todo. Eles iam me matar de porrada”, contou.
Omissão da Polícia
A chegada de uma viatura da PM fez cessar os espancamentos, porém, um dos policiais militares – de sobrenome Pina – insistia para que ele confessasse o crime. “Você tem cara de que tem pelo menos três passagens. Pode falar. Não nega. Confessa que não tem problema”, dizia o policial ao segurança que sangrava pela boca e pelo nariz e que teve a protese arrancada em consequência de um soco.
O caso está registro no 5º DP, porém, o inquérito para apurar o caso e identificar os responsáveis pela agressão deverá ser conduzido pela 9º Delegacia de Osasco.
Repercussão
O caso do segurança barbaramente espancado sob a suspeita de roubo do seu próprio carro, está ganhando repercussão, inclusive, fora do país, desde que foi noticiado por Afropress. Santana foi procurado nesta terça por repórteres dos jornais O Estado de S. Paulo e do S. Paulo Agora, do Grupo Folha, a quem deu entrevista.
Baiano de Salvador e há 10 anos em S. Paulo, Santana trabalha há oito anos como segurança da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP. Sua mulher, USP, Maria dos Remédios do Nascimento Santana, 41 anos, também é funcionária da Universidade, onde presta serviços como auxiliar do Museu de Arte Contemporânea.
Na semana que vem – em data ainda não confirmada – deverá acontecer o início dos depoimentos no Inquérito Policial na 9º DP de Osasco, que apura o caso. O funcionário da USP disse que tem condições de reconhecer os agressores que o atacaram a socos, coronhadas e cabeçadas, enquanto ele implorava por piedadade. “Quanto mais eu falava meu Deus, mais me batiam”, afirmou.
Segundo Santana, seus advogados – já constituídos – deverão acompanhar o inquérito policial e ingressar com ações de indenização contra o Carrefour e o Estado por dano moral.
19/08/2009 at 13:38
O post passado apenas ratifica o belíssimo texto do Leandro Fortes para quem nosso problema é antes de tudo PROBLEMA RACIAL!
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O Leandro Fortes poderia até criar um tópico exclusivo sobre este episódio. Eu e a comunidade negra ficaria agradecido. Quem não ía gostar deste eventual tópico criado pelo Leandro ´são os que teimam em dizer que nosso problema é social.
19/08/2009 at 14:01
Chico Mendes, me desculpe, mas ninguém nega que exista racismo no Brasil. E, te digo mais, principalmente pela polícia e também em grande parte pela própria população negra.
Mas, isso não tem nada a ver com as cotas. É um solução fictícia. As cotas não irão acabar com o racismo. E, ainda por cima, pode ter efeito contrário. Negros que não entraram por causa de cotas serão recriminados por seus colegas dizendo que ele só está lá por causa das cotas. Irá dividir mais ainda a sociedade.
Vejo as cotas como tentar tapar o sol com a peneira. Embora haja um sombra, ela não é nem um pouco suficiente para evitar que praticamente toda a luminosidade e calor atravessem.
Ao invés de ficar apoiando quem faz as cotas e as próprias cotas, porque não apóiam reformas para uma educação melhor e candidatos que realmente ligam para a educação (sim, o PT não liga para a educação, não fez nada mais do que já tem sido feito: nada!).
19/08/2009 at 15:57
Parabéns pelo Texto Leandro,
Você, na minha opinião, é um dos melhores repórteres da atualidade, um dos que eu mais gosto de let, trata dos assuntos politicos com um toque mais humanitário e menos tecnocrata.
Repórteres como você me fazem ter orgulho dessa profissõa.
um grande abraço
19/08/2009 at 16:17
Lucas Arruda,
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Vc faz previsão catastrófica. E como as anteriores(feitas quando as cotas raciais foram postas em prática) não se realizaram, a sua é mais uma que não vai se realizar.
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e aqui ninguém é contra investimentos em educação. Aceite as duas medidas(cotas e investimentos) caminharem juntas.
19/08/2009 at 16:32
Quais seriam as previsões catastróficas que não se confirmaram?
Por acaso você tem idéia de como anda a educação no Brasil. Pense um pouco mais amplo. Um problema maior do que as cotas, do que o racismo em si. Um problema que puxa quase todos os outros. Falta de educação de qualidade para a população. Se a educação fosse boa não precisaríamos nunca de cota. O problema é justamente o inverso. Temos cotas e não temos educação!
19/08/2009 at 17:17
Vou citar algumas:
Disseram que a qualidade das universidades iriam diminuir drasticamente.
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Disseram que se formariam “guetos” dentro da universidade.
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Disseram que haveria guerra racial entre brancos e negros dentro das universidades.
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Quer mais?
19/08/2009 at 17:35
Sobre a qualidade. Acredito que só tem diminuído. Não por causa de cotas, pois acho que talvez elas não sejam suficiente para realmente mudar a qualidade, mas porque o ensino de modo geral está cada vez pior.
Sobre os guetos e guerras sociais, acho um pouco exagerado, até porque existem vários negros na universidade. Embora de longe compatível com a porcentagem na população, não vejo esses tais guetos antes e pós cotas.
O problema que vejo é o preconceito se acentuando devido a isso. Muitas vezes já é difícil para um calouro acompanhar o ritmo de uma boa dificuldade. Imagine se ele não tiver uma base decente. Imagine, também, um negro que teve toda oportunidade e se saiu bem no vestibular e passe a ser recriminado pois acham que o tal entrou somente por causa das cotas.
Repito: as cotas não são um crime, mas uma solução “porca” para um problema grande.
19/08/2009 at 18:36
Lucas Arruda,
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Deixe-me ser mais claro. Quando digo que a qualidade não diminuiu é porque já há estudos pelas próprias universidades demonstrando o desempenho dos cotistas. Eu não estou sendo romântico ou dando uma de Gilberto Freyre, que escrevia sem ter noção da realidade. A Unicamp e a UnB por exemplo já demonstraram que as notas dos cotistas durante o curso são iguais ou superiores aos estudantes não cotistas. Até mesmo o índice de desistência é maior dentre os estudantes brancos não-cotistas quando se comparado aos cotistas.
19/08/2009 at 18:47
Ok, não discordo dos seus dados de forma alguma. Só disse que de uma forma geral, pela percepção popular, a qualidade da educação tem-se declinado, não tendo a ver com cotas ou algo similar.
O que digo é que o cerne do problema é a educação, sua acessibilidade e qualidade. Isso só será resolvido como reformas muito maiores do que essas cotas.
19/08/2009 at 19:15
Caro Chico Mendes. Cuidado com as notícias sensacionalistas de quem quer te empurrar pela garganta o sistema de cotas sem discutir os pontos realmente relevantes da questão.
Em algumas universidades, em alguns cursos, o desempenho dos cotistas são realmente melhor, porém em outros não. Portanto quando você diz “…as notas dos cotistas durante o curso são iguais ou superiores aos estudantes não cotistas…” está mentindo.
A notícia que saiu sobre o relatório da UnB mostra que tem cursos que os alunos cotistas se saem melhor e em outros pior: http://www.vestibular.brasilescola.com/arquivos/ebbd77663e894bd4a4e0ae78e0d68c56.pdf. Mas é óbvio, não? Sempre teremos alunos com desempenho melhor que outros. Ai, vem alguém e faz uma média, dividindo por grupos de cotistas e não cotista, e querem tirar conclusões a respeito. Se fizéssemos o mesmo com homens e mulheres, por exemplo, também teríamos diferenças e teriam notícias por ai dizendo que um é melhor que o outro. Ou seja, uma grande besteira. Tenho certeza que ninguém aqui quer provar que a cor da pele (ou raça, se preferir) é de alguma forma relevante para essa questão. Não vamos cometer o mesmo equívoco dos alemães.
A respeito do evasão, ai sim existe um problema sério. E não me diga que os cotistas estão evadindo menos que os demais. Isso não é verdade. Numa busca no google achei um relatório da UNEMAT que mostra isso: http://www.vestibular.brasilescola.com/arquivos/ebbd77663e894bd4a4e0ae78e0d68c56.pdf.
Tanto que na UERJ para evitar a evasão, que já era comum antes do sistema de cotas, existem bolsas para os alunos cotistas. Sem falar nas vagas ociosas, que é um outro problema que foi amplificado com o sistema de cotas.
Não sou a favor do sistema de cotas sem investimento na educação, como já disse numa resposta aqui, mas gosto de ouvir os argumentos de todos, inclusive os seus, mas acho que devemos nos prender aos pontos relevantes, por isso estou lhe respondendo.
Agradeço a atenção.
19/08/2009 at 19:02
Mas eu nunca duvidei de sua palavra Lucas Arruda, nunquinha. Apenas o culpado por esta péssima qualidade no ensino público não é o sistema de cotas raciais que tem apenas 6 anos de existência em 55 universidades públicas.
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A culpa nasceu no século 20, século passado por uma série de fatores de natureza econômico-liberal.
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Apenas queremos nas palavras do Ministro Joaquim Barbosa que sejam formadas figuras emblemáticas que servirão de exemplo para milhares de crianças e jovens negros e negras que logo logo não precisarão de cotas raciais. Uma criança negra precisa urgentemente ter exemplo num país carente de exemplos negros. Não quero apenas exceções, quero que aqui tenha em grande quantidade como nos EUA e na Africa do Sul, médicos, juizes, engenheiros e demais profissionais negros, infelizmente vivemos de exceções que foram formadas num ambiente sem cotas raciais, exceções estas que por terem um poder econômico melhor podem até ter se distanciado de seu povo. Queremos uma geração ou duas que venha a liderar e olhar para a sua gente como nunca aconteceu neste país. E estas pessoas vindo das camadas mais baixas tem mais noção da ausência de políticas públicas setorizadas. Quero apenas uma chance. Deveríamos combinar em não fazer nenhuma previsão antes do tempo. Só isso.
20/08/2009 at 10:51
Entendo.
Acho que os próprios negros no Brasil ampliam o racismo pelo fato de terem vivido ele tão expressivamente no passado, mas não que ele não mais exista. Sei que essas pessoas acham que o Brasil tem um dívida com ela e que a imagem negra precisa ser enaltecida.
Discordo. Temos que enaltecer o cidadão. O conceito humano. Não temos que favorecer uma raça porque ela foi desfavorecida no passado. Não quero o peso na consciência por ter dado uma vantagem a quem tem desvantagens.
Pense. Numa corrida de 100m, numa maratona, sabemos que os Quenianos, Africanos, e negros em geral tem vantagem física. Nem por isso, poderíamos dar vantagem ao brancos que sofrem esta desvantagem física de modo geral. E, mais ainda, se dessemos vantagem àqueles países que sofreram na mão dos países grandes, como Brasil, países Africanos, países Latinos, porque hoje os mesmos tem menos dinheiro para investir no esporte. Seria no mínimo ridículo. Não ia querer o meu país sendo considerado café-com-leite porque não teve condições iguais para competir. Quero que ele se supere e vença os outros com seus recursos.
Não é o melhor do exemplos, mas mostra que não vale a pena dar vantagem a uma camada, em detrimento das outras. Vale dar a capacidade para elas se igualarem. Te digo, se fosse negro me sentiria muito incapaz, fraco de ter uma mãozinha para poder entrar, mesmo sabendo que no fundo não era para ter entrado com aquela nota e isso só acentuaria o meu sentimento de que o preconceito ainda vigora e deixa resquícios.
20/08/2009 at 01:25
Caros,
Estive acompanhando os comentários e me senti novamente incomodado a participar.
Como formadores de opinião (que somos), me preocupo muito quando apenas vejo em nossos comentários, frases de defesa a uma etnia em especial. Como quando no comentário que postei, insisto que não apenas jovens negros pobres mereçam acesso a faculdade, os jovens brancos pobres também. Eu sou negro, e lhe afirmo categoricamente que esse ponto de vista unilateral causará danos a nós mesmos, pois como iremos falar para o jovem branco que mora na favela, que o amigo dele negro vai ter privilégio ao acesso a faculdade e ele não, porque ele é branco?
E não podemos comparar a nossa realidade com a dos estudantes norte-americanos, visto que não há vestibular nos Estados Unidos, não há cursinho também. Para entrar na universidade, o aluno americano (ou residente) deve fazer um exame que se chama SAT (Scholastic Aptitude Test), que é um exame básico de inglês e matemática. Com base no score obtido, o aluno é aceito ou rejeitado. Obviamente, as faculdades mais nobres exigem scores mais altos.
Quanto aos Estados Unidos adotarem o sistema de cotas, temos que analisar que discussão racial lá, foi e é algo politicamente muito mais denso. A analogia com o sistema norte-americano não parece tão imediata. Com efeito, os negros brasileiros não se libertaram da escravidão em uma traumática guerra civil; não tivemos sistemas de segregação racial que vedasse, como nos Estados Unidos, o acesso de negros a certos espaços públicos pelo simples fato deles serem negros. Nenhum presidente brasileiro teve que interceder junto à polícia para evitar que brancos que se relacionassem sexualmente com negras sofressem punições físicas por questões morais, como Kennedy fez com relação ao FBI. Não tivemos a Ku Klux Klan aqui, não há uma discussão histórica sobre o problema do negro, como houve lá.
Pra finalizar, as cotas não solucionam o problema do racismo no Brasil, as cotas atacam o efeito, não a causa. O estudante negro brasileiro não é reprovado no vestibular por ser negro, mas sim por alcançar notas mais baixas. Isso se deve, por que a maioria dos negros estudam em escola pública, e o ensino público é uma vergonha, sendo impossível disputar com o jovem branco da rede particular; por condições financeiras a maioria dos negros trabalham e estudam, não sobrando tempo para se dedicarem ao estudo; jovens negros muitas vezes não tem condições de pagar um faculdade particular; devido ao fraco ensino público sempre se faz necessário aulas extras de reforço em cursinhos, enquanto o jovem branco de escola particular já sai preparado para o vestibular.
Ou seja, em tudo que disse nosso maior problema está na falência do ensino público, e na falta de política sociais efetivas para as populações carentes do Brasil. Espero que possaos refletir sobre essas coisas, e encontramos uma solução bilateral, em favor de todos pobres, negros ou brancos do Brasil.
Att,
20/08/2009 at 13:14
Eu não sou negro Lucas Arruda e te digo que o negro que entra pelas cotas raciais não tem este sentimento de “mãozinha amiga” para entrar na universidade. É um direito dele estar ali dentro e por mecanismos é constatemente afastado. O que nós brancos devemos fazer é não atrapalhar. Se quisermos ajudar que pressionemos o governo para que invista na educação de maneira vigorosa sem desqualificar o sistema de cotas raciais. Os dois mecanismos podem caminhar juntos: As cotas raciais e os investimentos. Sendo que as cotas são provisórias.
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e respondendo ao Velho Marujo acima, Não! não há nenhum dado que prove que negro pobre e branco pobre sofrem as mesmas agruras. Pelo contrário há farta estaística a dizer que o negro pobre tem tratamento inferior ao branco. Como já demonstrei aqui neste post com os dados do PNAD
20/08/2009 at 13:17
Quando falei não ser negro, apenas estou afastando a tese de que estou fazendo uma espécie de discurso corporativista. Que fique bem claro, pois para desviar do foco central basta uma interpretação errônea.
20/08/2009 at 13:23
Chico Mendes,
acho que você não captou o ponto meu e do Velho Marujo.
Concordamos, nós dois em vários pontos. Menos no que tange as cotas.
Você pode até não ter esse sentimento, mas eu tenho certeza que vários negros o tem, assim como eu, branco, tenho quando sou privilegiado em detrimento de uma deficiência minha. Você acha que um deficiente gosta de ser carregado ou de andar sozinho numa cadeira de rodas. É claro que ele vai querer poder andar sozinho, uma cadeira elétrica caso não tenha força nos braços.
Sabemos que o negro sofre mais que o branco, independente da camada. Mas, a questão final é. Não podemos privilegiar quem sofre mais ou sofreu mais no passado. Temos que ser justos e ser justos significa dar mais condições. Só porque ele sofreu e sofre preconceitos não dá o direito se entrar na frente de um candidato mais qualificado que ele. O vestibular é por merecimento e não por sentimento de necessidade.
E no mais, o que as cotas iram alterar? Nada! Quase nada mesmo!
20/08/2009 at 13:28
Lucas Arruda,
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Vc comete equivoco em trazer exemplos do esporte, também comete equivoco quem vier a trazer exemplos da música.
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Refultamos esta tese em que para o branco a razão e para o negro a emoção(música, cultura e esporte). é o velho discurso: Cada um no seu lugar. No Brasil há 90.000.000 de negros no mínimo e destes quantos são atletas de sucesso?(se formos pela lógica do “cada um no seu lugar” é claro)
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Não há nenhum dado cientifico que prove que negros tem aptidão para o esporte em grau de superioridade em relação ao branco.
20/08/2009 at 13:37
E sobre sua pergunta:
“E no mais, o que as cotas iram alterar? Nada! Quase nada mesmo!”
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Mais uma previsão catastrófica.
20/08/2009 at 13:40
e vamos para de achar que o sofrimento é do passado e somente lá. Não! O passado se faz presente, o passado nunca deixou de ser passado neste país.
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e convenhamos, se o Velho Marujo é negro e é contra cotas raciais não tem problemas. Unanimidade é impossível. Se as cotas raciais existem com sucesso em mais de 50 universidades públicas é porque a maioria da militância negra é a favor.
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Se no século XIX havia negros contrários a abolição é natural que hoje haja negros contrários as cotas raciais.
20/08/2009 at 14:07
Nossa!
“Se no século XIX havia negros contrários a abolição é natural que hoje haja negros contrários as cotas raciais.”
Concordo com você em relação as comparações com música, esporte (você tem razão: Não existe nenhuma relação entre cor da pele e maior habilidade em esportes A ou B), etc.
Porém é completamente desproporcional essa sua comparação entre cotas com a escravidão.
Já ficou claro que todos aqui concordamos que o necessário são investimentos na educação. A questão é somente em função de cotas raciais ou sociais.
Outra coisa, caro Chico Mendes, as previsões (claro, com sensatez) são extremamente necessárias. Afinal, seja qual for o sistema de cotas instalado, a repercussão no futuro pode ser (usando uma palavra que você parece adorar) catastrófica.
Cabe a nós avaliarmos os argumentos, utilizarmos as experiências do passado, de outros países e tomaremos a melhor decisão com base numa previsão que seja a melhor solução para a sociedade.
A minha opinião eu já deixei claro no comentário que fiz anteriormente.
Abraços.
20/08/2009 at 13:48
O discurso do mérito não se aplica. Um negro ou branco de escola pública(sim porque cotas é apenas para quem vem de escola pública e para brancos também, nunca é demais lembrar) que passa 5 horas dentro de condução e trabalha e estuda a noite e tira no vestibular uma nota 6,00 e entra pelas cotas tem muito mais mérito do que um branco ou negro de escola particular que tira um 8,00 e ficou de fora por conta das cotas raciais( sim porque negro de escola particular não tem direito a cotas, nunca é demais lembrar e nunca é demais lembrar que apesar de ter mais condições, negros de classe média-alta também sofrem racismo, porém entre privilegiar negros pobres e negros ricos, temos que olhar para a maioria quase abosluta que são os negros pobres)
20/08/2009 at 20:21
Caro Chico Mendes,
Em momento algum citei ou relacionei meus comentários por nomes, e se perceber me preocupei em usar termos pluralistas (nós, eles, todos, iremos…).
Com isso a idéia é trazer um debate de alto nível e inteligente, mas por Deus, me comparar a um negro racista? Por favor, né…
Concordo com o Aruda, pois realmente você não entendeu ainda o nosso ponto de vista, mas tudo bem, afinal, porque entender o ponto de vista de um negro racista? (risos)
– Chega a ser hilário! Ter que “ouvir” isso de você.
Caro amigo, leia um pouco sobre Martin Luther King, Ghandi e outros…
Já fui de movimentos negros, mas como disse MV Bill, “Deixei de ser do movimento negro, para ser um negro em movimento”.
Nossa! E dizer que brancos e negros por mais que pobres não devem ter o mesmo tratamento? Nisso, pecastes amigo. Sou negro, e pelo visto meu povo e meus irmãos de cor faltaram nas aulas de história, ou pior, esqueceram de ler as biografias dos lideres negros que tanto elogiam e glorificam.
Ex:
Malcon X, líder negro na mesma época que Martin, o que chama a atenção é a história de Malcon.
Em resumo, Malcon era um líder de esquerda, agressivo, e acreditava que a liberdade dos negros teria que vir pela força e luta armada. Sempre contradizendo as teorias do doutor Martin, Malcon impulsionara os negros ao confronto contra os brancos. Por ser da religião mulçumana, fazia parte de movimentos negros relacionados a sua fé. Após uma viagem a Meca, ao chegar ao local, Malcon percebeu que negros e brancos comiam juntos, na mesma mesa e em paz. Entendeu ali, que sua visão sobre o Islã estava equivocada, tinham lhe pregado o falso Islã. Voltou para os Estados Unidos com a mente mais aberta a relações amigáveis com brancos e então, por esse motivo, por ter mudado sua visão agressiva de tomada de poder, em 21 de fevereiro de 1965, na sede de sua organização, Malcon recebeu 16 tiros calibre 38 e 45, a maioria deles atingiu o coração. Malcon foi assassinado – com apenas 39 anos – em frente de sua esposa Betty, que estava grávida, e de suas quatro filhas. Detalhe, Malcon foi morto pelos próprios ex-parceiros do Islã, tudo isso porque mudou sua opinião com relação aos brancos.
O que entendemos com isso, Malcon X, assim como alguns aqui, criticaram a visão de unidade racial e pacifista de Martin Luther King, mas após conhecer a verdade sobre o amor de Deus (seja qual for, Ala, Jesus, Buda…), percebeu que este não tem cor, não vê cor, e se o próprio criador assim o faz quem somos nós para não fazer.
Saindo do contexto religioso e sendo politicamente pratico, digo que se Malcon X, líder negro, revolucionário e que movimentava seguidores, mudou sua opinião em como combater o racismo, quanto mais nós temos de ser humildes o bastante para entender conceitos básicos de união e humanidade.
Att,
21/08/2009 at 13:58
Brilhante.
Essa estratificação do branco, do negro, só gera mais violência, indignação e por consequência mais violência.
Esses movimentos se parecem bem com uma imagem da sociedade, que muitas vezes da mais atenção à animais de estimação do que a seres humanos. É importante agasalhar os cachorros mas se esquecem do tanto de crianças na rua sem agasalho e sem comida.
Realmente a saída para o conflito é o entendimento, o esclarecimento e pacificação, como bem fez Gandhi. Você vê, até mesmo no caso de Malcom ele foi crucificado pelo próprio movimento. E qual era o objetivo do movimento? Descontar nos brancos o que eles fizeram ou conseguir conquistar direitos iguais.
Numa boa, acho que as cotas mudam o foco que é melhorar a educação. Distraem a população votante, principalmente negra, que acha que algo está sendo feito por eles e pela educação.
Bom seria ninguém ter dívida com ninguém e ninguém ser obrigado a pagar uma dívida e como mostrou a Cida, se todos entendessem que a cor não é nada mais do que quantidade de melanina no corpo.
20/08/2009 at 21:51
Olá
Esta palestra acaba com os argumentos que querem justificar alguém melhor posicionado na escala entre os homens bons em detrimento dos danados da terra: a melanina dos homens reagiu em relação à posição e incidência do sol. Just it.
Nina Jablonski says that differing skin colors are simply our bodies’ adaptation to varied climates and levels of UV exposure. Charles Darwin disagreed with this theory, but she explains, that’s because he did not have access to NASA.
20/08/2009 at 23:34
É perfeitamente natural vc ser contra as cotas raciais viu Velho Marujo. É normal eu já disse. Mas como insistem em dizer que negros e brancos são iguais em qualquer situação vou postar de novo:
O PNAD dividiu em seis os extratos ocupacionais contendo em cada, trabalhadores de todas as matizes, RESSALTE-SE que em cada grupo ocupacional, seus integrantes tem a mesma formação, o mesmo número de anos de estudos, as mesmas deficiências e etc. Apenas o que diferencia dentro de cada grupo é a cor e o salário.
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Grupo ocupacional nº 01
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Estrato denominado baixo inferior composto por trabalhadores rurais não-qualificados com as seguintes ocupações: Produtores agropecuários autônomos, trabalhadores da agropecuária e pescadores.
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Grupo ocupacional nº 02
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Estrato denominado baixo superior composto por trabalhadores urbanos não qualificados com as seguintes ocupações: Comerciantes por conta própria; vigia; serventes; trabalhadores braçais sem especificação; vendedores ambulantes; empregadas domésticas.
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Grupo ocupacional nº 03
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Estrato denominado médio inferior composto por trabalhadores qualificados e semi-qualificados com as seguintes ocupações: motoristas, pedreiros, mecânicos de veículos; marceneiros; carpinteiros; pintores e caiadores; soldadores; eletricistas de instalações.
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Grupo ocupacional nº 04
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Estrato denominado médio médio composto por trabalhadores não manuais, profissionais de nível baixo e pequenos proprietários com as seguintes ocupações: pequenos proprietários na agricultura; administradores e gerentes na agropecuária; auxiliares administrativos e de escritório; reparadores de equipamentos pracistas e viajantes comerciais; praças das forças armadas.
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Grupo ocupacional nº 05
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Estrato denominado médio superior composto por trabalhadores de níveo médio e médio proprietários com as seguintes ocupações: criadores de gado bovino; diretores, assessores e chefes no serviço público; administradores e gerentes na indústria e no comércio; chefes e encarregados de seção; representantes comerciais.
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Grupo ocupacional nº 06
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Estrato denominado alto composto por profissionais de nível superior e grandes proprietários com as seguintes ocupações: Empresários na indústria; administradores e gerentes de empresas financeiras, imobiliárias e securitárias; engenheiros; médicos; contadores; professores de ensino superior; advogados; oficiais da Forças Armadas.
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MÉDIA DE RENDIMENTOS PELO ESTRATO OCUPACIONAL(Aqui é um tapa na cara para quem diz que nosso problema é de classe. E quem diz isso? Ecos do passado, ecos do século XIX e seus cooptados)
Vamos aos rendimentos? Vamos:
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Grupo ocupacional nº 01(média de rendimentos)
Branco: 315,96
Preto: 158,12
Pardo: 182,06
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Grupo ocupacional nº 02(média de rendimentos)
Branco: 577,88
Preto: 311,75
Pardo: 350,09
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Grupo ocupacional nº 03(média de rendimentos)
Branco: 644,88
Preto: 464,99
Pardo: 458,49
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Grupo ocupacional nº 04(média de rendimentos)
Branco: 1.246,94
Preto: 717,05
Pardo: 775,80
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Grupo ocupacional nº 05(média de rendimentos)
Branco: 1.877,23
Preto: 987,32
Pardo: 1.039,20
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Grupo ocupacional nº 06(média de rendimentos)
Branco: 2.919,93
Preto: 1.805,16
Pardo: 1.940,11
20/08/2009 at 23:40
Ponha uma roupa num negro pobre e uma roupa num branco pobre e direcionem em busca de empregos. Todos dois com o mesmo grau de qualificação hein!! Ganha um doce quem adivinhar quem conseguirá conquistar a vaga com mais facilidade.
20/08/2009 at 23:42
E por derradeiro, um pouco de Sartre a demonstrar que a cor predomina sobre qualquer coisa:
“O preto, como o trabalhador branco, é vítima da estrutura capitalista de nossa .sociedade; tal situação desvenda-lhe a estreita solidariedade, para além dos matizes de pele, com certas classes de europeus oprimidos como ele; incita-o a projetar uma sociedade sem privilégio em que a pigmentação da pele será tomada como simples acidente. Mas, embora a opressão seja uma, ela se circunstancia segundo a história e as condições geográficas: o preto sofre o seu jugo, como preto, a título de nativo colonizado ou de africano deportado. E, posto que o oprimem em sua raça, e por causa dela, é de sua raça, antes de tudo, que lhe cumpre tomar consciência. Aos que, durante séculos, tentaram debalde porque era negro, reduzi-lo ao estado de animal, é preciso que ele os obrigue a reconhecê-lo como homem. Ora, no caso não há escapatória, nem subterfúgios, nem “passagem de linha” a que possa recorrer; um judeu, branco entre os brancos, pode negar que seja judeu, declarar-se homem entre homens. O negro não pode negar que seja negro ou reclamar para si esta abstrata humanidade incolor: ele é preto. Está pois encurralado na autenticidade: insultado, avassalado, reergue-se, apanha a palavra preto que lhe atiram qual uma pedra; reivindica-se como negro, perante o branco, na altivez.”
Jean-Paul Sartre em Reflexões sobre o Racismo – I Reflexões sobre a questão judaica e II Orfeu Negro.
21/08/2009 at 00:52
Engraçado, hoje mesmo estava eu conversando com uma aeromoça internacional, negra, formada em letras, cursada em fotografia, fluente em inglês e francês, funcionária da TAM, intelectual, conhecedora da cultura e da história afro-mundial, que é contra as cotas, nascida em família pobre e foi estudante da escola pública.
Ué… Pelo seu raciocínio todo negro perde para um branco no mercado de trabalho, todo negro é incapaz de bater de frente com um branco na faculdade, e todo negro é pobre coitado, todo negro teve um atraso intelectual, todo negro teve um atraso cultural… e blábláblá.
Apenas não entendo então, se o sistema é tão ruim e opressor para todos os negros como dizem, porque conheço tantos negros bem sucedidos.
Explique-me isso agora?
Por que ela conseguiu?
Ah, dirá que é uma exceção, claro, sempre um desculpa!
Minha mãe é negra e venceu, porque foi a luta parceiro! Essa conversa de que precisamos de cotas, porque o mundo está contra nós é mentira. O mundo é muito grande, e como existem brancos racistas, existem negros racistas, maus e bons em todas as etnias. Na boa meu amigo, tem muitos negros acomodados por ai… Que assim, como você só sabem reclamar e dizer que não podem.
Ao invés disso, questionem-se o porquê outros negros pobres conseguiram ir tão além, e imitem esses homens e mulheres, ao invés de apenas dizer que são exceções, e encarem essa dificuldade como forma de fazer a exceção virar regra, porque se você generalizou em tantos posts, que todo negro é inferior e incapaz de disputar vagas com os brancos…
Podem soar o gongo, pois sua tese acaba de cair por terra.
Sabe o que te digo. Sobre que todos nós negros somos inferiores, besteira… Se ela conseguiu chegar aonde chegou sendo pobre, negra e estudante de escola pública, TODOS OS NEGROS PODEM.
Pois bem, caro amigo, se outros negros deixassem de se ver como meras exceções e começassem a se ver como os donos de seus destinos, outros tantos como essa Senhora negra conseguiriam seu espaço ao sol.
OBS: Esse papo todo tá me dando uma fome… Acho que vou bater um rango. (risos)
Jah Bless amigos!
21/08/2009 at 02:42
Pois é… Tem uma letra de rap lançada na época da comemoração dos 500 anos do Brasil, que dizia o seguinte: “500 anos de enganação, 500 anos de exploração, mentira e desigualdade, o que o branco português fez com meu povo foi cruel e covarde. Os indios morreram e os negros que não estão nas selas estão nas favelas…”.
O pobre estuda o fundamental e médio em escolas públicas, enquanto que o rico sempre está na privada. Porém quando chega a vez de ingressar na faculdade, os ricos sempre preferem o sistema público enquanto que o pobre, quando se conscientiza em se graduar, o que lhe resta é fazer um esforço pra pagar a privada.
Os negros são a maioria pobre, certo?
E por isso não podemos ignorar as questões do passado e os motivos pelos quais fizeram com que a maioria se tornasse pobre, certo?
A cota existe para que a diferença que faz os negros serem a classe menos favorecida em termos de escolaridade, fosse balanceada e que a desigualdade passasse a ser menos evidente.
21/08/2009 at 02:44
Pois é… Tem uma letra de rap lançada na época da comemoração dos 500 anos do Brasil, que dizia o seguinte: “500 anos de enganação, 500 anos de exploração, mentira e desigualdade, o que o branco português fez com meu povo foi cruel e covarde. Os indios morreram e os negros que não estão nas selas estão nas favelas…”.
O pobre estuda o fundamental e médio em escolas públicas, enquanto que o rico sempre está na privada. Porém quando chega a vez de ingressar na faculdade, os ricos sempre preferem o sistema público enquanto que o pobre, quando se conscientiza em se graduar, o que lhe resta é fazer um esforço para pagar a privada.
Os negros são a maioria pobre, certo?
E por isso não podemos ignorar as questões do passado e os motivos pelos quais fizeram com que a maioria se tornasse pobre, certo?
A cota existe para que a DIFERENÇA que faz os negros serem a classe menos favorecida em termos DE ESCOLARIDADE, fosse BALANCEADA e que a DESIGUALDADE passasse a ser menos EVIDENTE.
21/08/2009 at 19:26
Amiga Eliz,
Desculpe-me mas essa letra de rap que aprensentou de nada vale.
O nome dessa letra é “Muita Treta”, do grupo de rap gospel Apocalipse 16, lançado pela gravadora Trama, cujo o líder do grupo é conhecido como “Pregador Luo”.
Oras, que ironia o mesmo “Pregador” Luo, que nessa letra fala sobre negros que sofrem preconceitos de brancos, e diz; “Meu rap é o arrastão do gueto que bota o playboy pra correr”, é o mesmo Pregador Luo que apareceu no programa do Gugu, fazendo participação especial com o grupo KLB?
Piada né? Ninguém aqui pode estar falando sério.
Os defensores das cotas para negros, se inspiram em letras de negros que traíram suas próprias convicções.
Detalhe, você trouxe uma letra de rap, com intenção de defender os direitos negros e se esqueceu de um outro detalhe, o Pregador Luo é contra a religião afro-brasileira, ele critica as religiões africanas, religiões do povo preto.
Ou seja, o cara questiona a religião em que os negros escravos acreditavam e dedicavam sua fé, e vocês ainda acham bonito?
Fazem de hino a letra de um cara que critica suas próprias raízes?
E depois quer falar de contas, respeito para o povo preto, pela cultura afro?
Sem mais a comentar.
21/08/2009 at 08:18
O Velho Marujo costuma trazer o Luther King, eu humildemente apresento Oracy Nogueira que escreveu “Preconceito de Marca”. Costumam dizer que nos EUA o sistema acabou, mas acabou porque lá a suprema passou a ter maioria republicana: 5×4.
E lá depois de anos de ações afirmativas, vemos com naturalidade médicos, engenheiros, cientistas e demais profissões. Aqui agente fica nas exceções(uma amiga ali e outra acolá).
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Agora deixando de lado o romantismo de igualdade entre brancos e negros que nos trazem o pelotinho anti-cotas esclareço aos que lêem estes post e não comentam, mas apenas lêem que o SISTEMA JÁ EXISTE tanto pela autonomia universitária como por leis estaduais. E que o judiciário federal de todo o país está julgando favorável a nós. A mais recente decisão foi publicada no ultimo dia 17 de agosto a seguir detalhado
APELAÇÃO/REEXAME NECESSÁRIO Nº 2009.72.00.001191-3/SC
RELATOR :Des. Federal VALDEMAR CAPELETTI
APELANTE:UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA – UFSC
ADVOGADO:Procuradoria-Regional Federal da 4ª Região
APELANTE:MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
APELADO :VICTOR HUGO DE SOUZA GOMEZ
ADVOGADO:Rogerio Rupp Hamms
REMETENTE:JUÍZO SUBSTITUTO DA 01A VARA FEDERAL DE FLORIANÓPOLIS
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O tribunal aceitou a apelação da UFSC e o sistema é considerado constitucional. No próximo post detalhes de outros julgados.
21/08/2009 at 08:24
APELAÇÃO/REEXAME NECESSÁRIO Nº 2008.71.00.002546-2/RS
RELATOR
Juiz ROGER RAUPP RIOS
APELANTE
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL – UFRGS
ADVOGADO
Procuradoria-Regional Federal da 4ª Região
APELADO
GUILHERME KRETZMANN BELMONTE
ADVOGADO
Gustavo Bohrer Paim
REMETENTE
JUÍZO FEDERAL DA 04A VF DE PORTO ALEGRE
CONSTITUCIONAL. DIREITO DA ANTIDISCRIMINAÇÃO. AÇÕES AFIRMATIVAS. ENSINO SUPERIOR. ACESSO À UNIVERSIDADE. CONCURSO VESTIBULAR. SISTEMA DE COTAS. RESERVA DE VAGAS PELO CRITÉRIO RACIAL E PARA EGRESSOS DO ENSINO PÚBLICO. CONSTITUCIONALIDADE. PRINCÍPIO DA IGUALDADE. MANDAMENTO DE ANTIDIFERENCIAÇÃO E DE ANTI-SUBORDINAÇÃO. DISCRIMINAÇÃO DIRETA (INTENCIONAL) E INDIRETA (NÃO-INTENCIONAL). CONCEITO JURÍDICO DE DISCRIMINAÇÃO. PROMOÇÃO DA IGUALDADE FÁTICA. USTIÇA SOCIAL. SOLIDARIEDADE. DIREITOS FUNDAMENTAIS SOCIAIS. PLURALISMO E DIVERSIDADE. IMPROCEDÊNCIA DAS OBJEÇÕES DA MORALIDADE ADMINISTRATIVA E DA VIOLAÇÃO DA DIGNIDADE HUMANA. EXISTÊNCIA DE BASE LEGAL. AUTONOMIA UNIVERSITÁRIA. PROPORCIONALIDADE DA MEDIDA.
1. A adequada compreensão do princípio constitucional da igualdade reclama o desenvolvimento doutrinário e jurisprudencial de respostas jurídicas em face da discriminação direta (intencional) e indireta (não-intencional), bem como a formulação de medidas positivas de superação dos efeitos deletérios do fenômeno discriminatório como um todo, tarefa realizada pelo Direito da Antidiscriminação, campo de saber e prática jurídica onde são forjados conceitos, princípios, categorias e objetos de proteção acerca da função do princípio da igualdade como proibição de discriminação.
2. Do ponto de vista jurídico, discriminação é qualquer distinção, exclusão, restrição ou preferência que tenha o propósito ou o efeito de anular ou prejudicar o reconhecimento, gozo ou exercício em pé de igualdade de direitos humanos e liberdades fundamentais nos campos econômico, social, cultural ou em qualquer campo da vida pública, conforme a inteligência da Convenção Internacional sobre a Eliminação de todas as Formas de Discriminação Racial e da Convenção sobre a Eliminação de todas as formas de Discriminação contra a Mulher.
3. Conforme o Direito da Antidiscriminação, ações afirmativas são medidas, conscientes da discriminação experimentada em virtude de raça, etnia, sexo, gênero ou qualquer outro critério proibido de diferenciação, visando a combater e superar situações injustas de desvantagem social, política, econômica, jurídica ou cultural. Prevalência da expressão “ações afirmativas” sobre as expressões “tratamento preferencial”, “discriminação benigna” e “discriminação inversa”, pois a estas são associados conteúdos indesejáveis e equivocados de preferência ou da criação de nova discriminação: trata-se do combate a situações de discriminação e a privilégios e vantagens indevidas desfrutadas por quem, direta ou indiretamente, se beneficia das desvantagens sofridas por indivíduos e grupos discriminados.
4. O princípio da igualdade vai além da instituição de uniformidade de tratamento (mandamento constitucional de antidiferenciação), cujo efeito recorrente é a manutenção da desigualdade e a reprodução da discriminação; ele impõe a proibição de tratamentos que, de modo intencional ou não, perpetuem discriminação e desigualdade (mandamento de antissubordinação).
5. Gênese das ações afirmativas dos efeitos injustos da discriminação indireta e da insuficiência do combate restrito à discriminação direta, revelando a necessidade da adoção de medidas conscientes da persistência da discriminação e destinadas a superar esta situação injusta. Jurisprudência do Supremo Tribunal Federal quanto aos efeitos injustos da discriminação indireta contra a mulher no mercado de trabalho e quanto à legitimidade de ações afirmativas objetivando combater discriminação fundada na idade.
6. A promoção da igualdade fática, expressamente determinada na Constituição da República de 1988, fundada na dinâmica da dimensão material do princípio da igualdade, autoriza a implementação de ações afirmativas, combatendo discriminações raciais, sociais, sexuais, étnicas e regionais, tudo no contexto da promoção da justiça social, da solidariedade, dos direitos fundamentais sociais, do pluralismo. O mandamento de igualdade material (tratar aos iguais igualmente e aos desiguais desigualmente, na medida da desigualdade) conduz à promoção da igualdade fática, pois, conforme a segunda parte da máxima da igualdade jurídica (a norma de tratamento desigual), se há uma razão suficiente para ordenar um tratamento desigual, então está ordenado um tratamento desigual, decorrendo, portanto, o direito à criação de igualdade fática.
7. A reserva de vagas para os egressos do ensino público tem fundamento constitucional, dados os mandamentos constitucionais da solidariedade, da promoção da diversidade e da igualdade material, bem como a racionalidade e consistência fática da política pública que adota a presunção de inferioridade econômica dos beneficiados em face daqueles oriundos do ensino privado. Incidência do princípio de interpretação constitucional da correção funcional, a orientar o exame judicial da política pública racional, com fundamento na realidade, eleita pelos Poderes Legislativo e Executivo.
8. Ações afirmativas e reserva de vagas para egressos do ensino público atendem às noções fundamentais de retidão, equilíbrio, justiça e respeito à dignidade humana, consagradas na Constituição de 1988, que repelem a perpetuação de privilégios raciais e sociais no acesso aos benefícios propiciados pelas políticas públicas. Ao contrário: é a ausência destas políticas, mantenedoras de uma situação de exclusão injusta, racista e elitista de vastas camadas da população é que atenta contra princípios básicos de justiça, como a não-discriminação, a liberdade positiva, a dignidade humana, o direito ao trabalho e à educação e à ética das instituições no regime democrático.
9. Eventual defeito na execução das ações afirmativas não invalida a política pública como um todo, ensejando correção pontual com a exclusão de quem se beneficiou indevidamente e a convocação daqueles a quem a medida antidiscriminatória se destina. Carência de ação processual de terceiros, não inscritos nas vagas reservadas, pois, não concorrendo a estas vagas, não possuem direito subjetivo à matrícula relativa a qualquer vaga que daí surgisse, donde sua ilegitimidade ativa.
10. Candidatos que cursaram o ensino fundamental e médio em escolas privadas em virtude de bolsas de estudo, dada sua situação de carência econômica, não têm direito às vagas reservadas para egressos do ensino público, na medida em que o critério adotado pela política pública é juridicamente legítimo. Ademais, o fato de ter acesso ao ensino privado aponta para a igualdade de oportunidades, pelo menos quanto a este quesito, entre tal candidato e todos os demais que também se inscreveram para as vagas gerais, não se podendo concluir, portanto, pela vulneração da busca da igualdade fática, entendida como igualdade de oportunidades entre os concorrentes.
11. Improcedência da substituição das ações afirmativas étnico-raciais e da reserva de vagas pelos critérios estabelecidos no PROUNI. Trata-se de política pública concebida para circunstância radicalmente diversa, pois destinada ao ingresso em instituições universitárias privadas, dependente de adesão da Universidade privada e geradora de isenção tributária.
12. Procedência das justificativas das ações afirmativas: combate aos efeitos presentes da discriminação passada, promoção da diversidade, natureza compensatória ou reparatória das ações afirmativas, criação de modelos positivos para os estudantes e para as populações minoritárias e a provisão de melhores serviços às comunidades minoritárias.
13. Improcedência da tese de violação à igualdade pelos prejuízos causados aos preteridos em virtude da reserva de vagas (argumento da “vítima inocente”). A ausência de ações afirmativas significaria nada fazer diante do status quo, mantendo privilégios indevidos decorrentes das vantagens propiciadas àqueles que não experimentam discriminação, omissão violadora do mandamento da igualdade como antissubordinação. Trata-se de proteger e promover o direito de igualdade de indivíduos e grupos a concorrerem aos benefícios sociais de modo equânime, livres na maior medida do possível da injustiça estrutural.
14. Improcedência da tese de desrespeito à dignidade da população negra pela instituição de reserva de vagas raciais, pois esta seria sendo tratada como vítima. A discriminação racial, passada e presente, é realidade que não pode ser desprezada da realidade nacional, pelo que a consideração e o respeito devidos a tal grupo exige o reconhecimento e a ponderação desta realidade, inclusive quanto aos efeitos injustos e prejudiciais produzidos na realidade.
15. Improcedência da tese segundo a qual indivíduos brancos foram desrespeitados para a consecução de objetivos extrauniversitários. Além da consideração racial dentre os quesitos importantes para a diversidade da experiência acadêmica, é dever do Estado combater o privilégio racial e social decorrente da discriminação indireta, por meio de ações afirmativas. Ao passo que pessoas negras foram e são sistematicamente prejudicadas no acesso ao ensino superior, dadas às condições sociais decorrentes da discriminação passada e presente, muitos brancos obtiveram vagas universitárias graças ao privilégio ligado à sua condição racial – circunstância que excluía e continua alijando da disputa pelas vagas um grande número de pessoas, privadas que foram e continuam a ser de condições de competir em virtude de pertencerem a grupos raciais que sofreram intensa exploração e exclusão e carregam até hoje, geração após geração, os efeitos deste passado discriminatório.
16. Existência de base legal para instituição de ações afirmativas: previsão expressa no Plano Nacional de Direitos Humanos, no Plano Nacional de Educação e nas Leis nº 10.558/2002, que criou o programa “Diversidade na Universidade” e Lei nº 10.678/2003, que criou Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial. Autorização, por via legal, para implementação, pelo Poder Executivo, de políticas afirmativas, além da previsão em tratados internacionais.
17. Adequação e compatibilidade das ações afirmativas no âmbito da autonomia universitária, dadas os princípios constitucionais e da Lei de Diretrizes e Bases da Educação.
18. Observância da proporcionalidade na instituição da reserva de vagas para negros e egressos do ensino público, dada a adequação, a necessidade e a ponderação jurídica dos princípios envolvidos.
19. Impossibilidade de substituição das ações afirmativas implementadas pelas políticas públicas vigentes, em virtude de ato judicial, pela criação de novas vagas, dada a autonomia didático-científica da instituição universitária, bem como porque tal acréscimo só teria sentido, como medida antidiscriminatória, se sobre as vagas acrescidas também incidisse, na mesma proporção, o percentual reservado.
20. Equívoco fático acerca da inexistência de discriminação racial no Brasil e improcedência da tese que sustenta a impossibilidade jurídica de ações afirmativas. Consistência das ações afirmativas com as normas constitucionais de proibição do racismo, na ordem interna e externa, bem como do dever jurídico de combate à discriminação e seus efeitos, diretos e indiretos. Inteligência da decisão do Supremo Tribunal Federal no HC 82.424/RS.
21. Manutenção da sentença, com fundamento no princípio da razoabilidade, dada a progressão dos estudos do impetrante desde o ajuizamento da ação judicial.
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21/08/2009 at 19:02
O engraçado que cheguei a conclusão de que você não sabe responder nenhuma das minhas perguntas…
Eu falo de Martin?
Falei de Malcon. E você não me respondeu nada sobre o que afirmei, na verdade você foge dos temas que trago a tona, desconversa, não se aprofunda em questões como essa trouxe. Deve ser porque sabe que irá sem embaralhar.
21/08/2009 at 08:25
e nos tribunais federais do norte e nordeste o sistema de cotas tem vencido.
24/08/2009 at 10:22
Enquanto o debate de cotas raciais nos cursos de graduação se arrasta, são esquecidos os cursos de pós-graduação como os pós-doutorados e os concursos de docentes. Pergunto: onde é o lugar dos negros na universidade? O negro não pode ser professor também? Tem que lutar, para, talvez, quiçá, graduar-se?
Quando o argumento das cotas raciais se impuser talvez os cursos de graduação já terão se tornado uma extensão do ensino médio que pouca diferença fará na formação intelectual e na pretendida igualdade de oportunidades.
28/08/2009 at 19:59
Olá, Leandro. Veja bem, teu ponto de vista é compreensível, porém, a grande discussão não deveria estar situada na questão das cotas, mas sim, na qualidade da educação e numa mudança no acesso à Universidade, sem falar que deveria ser aumentado o número de cadeiras dentro da mesma (o que está sendo feito, de certa forma, pelo projeto Reuni).
Devemos continuar discutindo a questão das cotas sim, mas sem esquecer da macro-questão que é a qualidade da educação no Brasil, a qual está sendo tratada de forma quantitativa em busca de um “aparecer bem na vitrine” para o mundo.
Tamo ae na luta!!
01/09/2009 at 03:05
Amigo Marujo!
Bela pesquisa…
Porém, acho que vc não entendeu o que a letra do rap quis dizer, né?
Quer que eu desenhe?
Pois o que de nada vale são os seus comentários sobre o autor da música.
O que o restante da música expressa, não me interessa!
Postei esse trecho (um tanto quanto radical, mas verdadeiro) por se tratar realmente sobre o que penso em relação à desigualdade racial.
Se pesquisasses à fundo, veria que o Pregador Luo tem um motivo a mais para criticar as religiões africanas.
Pense! O cara é protestante…
Porém como já disse, essa medida foi adotada somente com a finalidade de dar chances aos negros se igualarem em termos de escolaridade.
A menos que seu problema seja analfabetismo funcional…
Leia! Comprove! Daí vc entenderá.
Beijocassss
28/11/2009 at 23:49
Sensassional! Então é assim que se combate um preconceito, racismo? impondo uma lei para repará-la? Martin Luther king já havia dito sobre a morte de Malcon x: uma pena que os opositores hajam desta forma contra o que lhe é contrário.na históriacomo Malcom, assim como o Luther King, forma assassinados, são formas de eliminar à forma aquilo que lhe parece desafiador e indesejável, aquilo que ameaça a sua “estabilidade”.
É assim que os negros devem ser compensados? com cotas? qual problema? eles não conseguem passar no exame do vestibular, o branco é quem tem que estudar,duas vezes para não perder a vaga por causa das cotas?
Até euq eu sou negro, acho tudo isso uma bobagem!
22/02/2010 at 11:31
Olá a todos.
Eu sou afro-descendente, ops! Brasileira. É isso o que sou. Uma brasileira. E creio que isso encerra o fato de que provenho, como muitos brasileiros de uma mistura.
Estou aqui para compartilhar o pensamento de que é vergonhoso assistir em nosso país uma sugestão de segregação racial do afro-descendente em relação à outras raças, imposta por movimentos pseudo-libertários que vivem gritando às praças que o negro tem que ser valorizado. Ótimo. Parabéns para nós “negros”.
Agora eu lhes pergunto: que raios de manisfestações partidárias são essas que ao priorizarem o afro-descendente, jogam no lixo a linda cultura daquele povo que habitava esta plaga, no princípio de nossa história????
E é de causar tanto asco assim adotar com carinho a cultura dos portugueses, dos orientais, fazendo uma “vitamina” gostosa com as particularidades de cada um desses povos?
Gente, ACORDA!
Não somos africanos, portugueses, orientais. Somos BRASILEIROS. Somos mistura. E na minha opinião, é isso o que tem que ser elevado.
Com orgulho eu grito que em minhas veias corre sangue índio, europeu, oriental e africano. Sou uma bela mistura, numa embalagem rica em melanina!
Aliás, os primeiros habitantes de nosso querido Brasil ainda estão vivos, mas beirando a extinção. Já que até as terras que por direito são deles, vem sendo “invadidas” sem piedade.
Mas vejo também outro aspecto nisso tudo.
Acredito que muitos grupos militantes da cultura negra (a única existente aqui?) que desenterram o miserável racismo, buscam na realidade fazer invocações ao espírito religioso predominante na áfrica.
E dá-lhe candomblé e macumba! Se esquecendo que a “mãe Africa” em sua maioria vive castigada por fome e miséria, numa calorosa demonstração de amor por parte desses orixás que aqueles “bruxos” de lá invocam.
Coitada de nossa Bahia….
Toda essa motivação “enrustida” sob a capa de defesa de um povo “desprezado e fraquinho” de pele escura está no recheio do acarajé, nos cantos da capoeira e nas maneiras pouco polidas de um monte de gente que conhecemos.
Se o afro-descendente quer ser respeitado, que estude. Que se esforce. Que adquira fino trato. Tenho a certeza de que assim teremos uma cultura forte, bonita, atraente e originalmente verde-amarelo.
Lembremos e olhemos para os nossos índios. E para os nossos ascendentes europeus e orientais.
ACORDA BRASIL!
03/03/2010 at 18:33
Vejo q aqui tem pessoas q são a favor das cotas. Comentem nesse grupo de discussão do UOL também, visto q lá todo mundo é contra as cotas.
http://forum.educacao.blog.uol.com.br/arch2010-02-28_2010-03-06.html#2010_03-03_11_39_12-8953204-0
02/04/2010 at 22:38
sim somos
04/09/2010 at 13:06
[…] intensamente sufocado pelo avanço da área urbana. As pessoas honestas, em geral, admitem que somos racistas e os estudiosos do tema, há tempo, tem denunciado o racismo institucional que constitue o Estado […]
24/11/2010 at 14:45
SOU A FAVOR DA APLICAÇÃO DESSAS COTAS. FOI ADOTADA NOS ESTADOS UNIDOS E DEU CERTO. LÁ GENERAIS, BANQUEIROS, GRANDES EMPRESÁRIOS E AGORA UM PRESIDENTE, CHEGARAM RÁPIDO NO PODER. SOU SEGUIDOR NÃO SÓ DE COTAS. QUERO TAMBÉM VAGAS NAS EMPRESAS E SERVIÇO PÚBLICO EM TODOS NÍVEIS. NA AMÉRICA DO NORTE TEMOS MUITOS JUÍZES QUE SÓ CONSEGUIRAM CHEGAR EM TÃO ALTOS CARGOS, DECORRENTE DESSA POLÍTICA DE INSERÇÃO DAS MINORIAS.
17/09/2013 at 14:24
O artigo peca pela visão urbana do autor quando se refere à racismo. Sim, o racismo existe mesmo em todas as esferas da sociedade brasileira, eu concordo, mas se expressa com veemência na urbanidade. Devo dizer que sendo uma testemunha ocular da miséria Fluminense posso afirmar sem sombra de dúvidas que a miséria não tem cor, nem parda, nem branca, nem mulata, nem negra. E por isso não sou a favor de cotas quaisquer que sejam que privilegiem a cor de alguém.
Fui criado entre o mundo da cidade e da vida na roça, onde minha mãe penava para sobreviver com seus cinco filhotes mestiços. Eu, o sexto filhote, flutuava entre a casa da tia na cidade e a casa da mãe na roça. Na infância a minha impressão das cores e das raças estava diretamente associada ao comportamento dos meninos da minha idade para comigo. Na cidade o menino preto me estranhava porque eu era branco de olho claro e parecia um “playboy”, que nunca fui. Na roça o menino preto era uma criança como eu, e sujos brincávamos de pique, jogávamos bola, brigávamos e éramos amigos como as crianças devem ser. Já na cidade isso era mais difícil porque parecia haver uma ponte larga entre eu os meninos pretos. Os meninos que eu conhecia moravam nas favelas do meu bairro e não costumavam fazer amigos nos prédios. Uma vez descendo Santa Teresa de bonde um menino preto me olhou como que me desafiando, coisa de moleque, daí eu como bom político, saquei e ofereci pra ele um biscoito recheado de chocolate, somos amigos até hoje onde quer que nos encontremos, Vitor é o nome dele.
Dizer que existe o medo que as instituições universitárias percam qualidade pra mim é de uma apelação exacerbada, é inventar cabelo em ovo. Se as universidades brasileiras perderem mais algo que têm muito pouco, qualidade, não vai mudar muita coisa.
O racismo existe e é um fato, mas para resgatar uma dívida histórica precisamos tratar as pessoas como pessoas e só. Destacar a vergonha de origem de alguns, ou mesmo o tratamento que outrora as pessoas eram submetidas, como um elevador de serviço, tem que ser motivo de piada das novas gerações, é tão feio, tão desprezível, que chega a ser cômico. Meu irmão mais velho tinha vergonha de nossa origem pobre e num “ato falho” certa vez disse, na minha frente, para a locadora de um quarto onde moramos um tempo que nossa mãe vivia numa “big casa” em Magé… fiquei quieto e jamais o questionei sobre aquilo. Mas ao conversar sobre o episódio com meus outros irmãos morremos todos de rir da tal “big casa de cachorro”, só podia ser, a qual ele tinha se referido.
Quando todos nós pudermos rir dessas coisas teremos dado um passo importante pra transformar essas vergonhas em histórias que não são dignas de serem repetidas, senão como uma boa piada.
22/01/2019 at 12:20
Muito interessante!!! eu posso compartilhar esse post?um abraço!